segunda-feira, 23 de junho de 2014

Michael Malloy, o verdadeiro duro de matar


Por: Elenilton da Cunha Galvão








Michael Malloy era um bombeiro de ascendência irlandesa de 50 anos de idade, e um bêbado em tempo integral. Como muitos em sua situação, ele passou mais tempo bebendo que trabalhando devido a isso acabou nas ruas como muitas pessoas depois da grande recessão de 1929, na década de 1930, porém, seu hobby (a bebida) se tornou ilegal quando a Lei Seca, também conhecida como The Noble Experiment, começou a vigorar nos Estados Unidos.

O interessante na vida de Malloy é que ele também se tornou a figura central em outro crime da época além da bebida: fraude de seguros, ou seja, fazer um seguro de vida no nome de alguém e depois mata-lo discretamente para receber o dinheiro, mas neste caso Malloy não era um dos fraudadores, mas a própria vítima (!!!!), o que como veremos, foi um enorme problema para seus “amigos” que estavam de olho na grana que ganhariam com sua morte.

O problema é que Michael Malloy não era muito bom para morrer, e até mesmo o lendário Rasputin, cuja história diz que mesmo depois de ter bebido vinho e biscoitos envenenados com cianureto permaneceu vivo até tomar um tiro na cabeça durante sua fuga dos capangas do Czar Nicolau II, seria um amador perto de Malloy, então sem mais delongas vamos à sua história:

No final de 1933, a Lei Seca tinha terminado. Mas desde janeiro, os cinco homens, Tony Marino, Joseph "Red" Murphy, Francis Pasqua, Hershey Verde, e Daniel Kriesberg já se conheciam pois frequentavam o bar clandestino que Marino sustentava e Malloy frequentava assiduamente, Marino e os outros quatro bolaram então o esquema para ficarem ricos rapidamente com a morte de Malloy.
  
O plano era simples: Malloy, um sem-teto alcoólatra já parecia à beira da morte, seus “amigos” formularam três apólices de seguro sobre a vida dele com seus nomes de beneficiários. Marino inicialmente forneceria a Malloy todas as bebidas que ele quisesse ilimitadamente em troca da assinatura, e como um alcoólatra inveterado era questão de tempo até sua morte, bem, assim pensava Marino, mas Malloy era duro de matar.

Conforme relatado pelo jornal New York Daily News, a primeira parte do plano dos conspiradores se tornou um problema. As bebidas que Malloy ganhou para assinar aquilo que ele achava ser  uma série de documentos para um amigo clandestino por motivos censitários, já não eram suficientes e estavam gerando um alto custo à Marino, este, por sua vez teve outra ideia “brilhante”, trocou o liquido das garrafas por anticogelante (uma mistura química e altamente venenosa de Metanol, Etilenoglicol e Propilenoglicol) na esperança de adiantar a morte do infeliz, ledo engano, Malloy bebeu até ficar inconsciente para no outro dia voltar ao bar procurando mais bebida.

Para espanto de todos, Malloy estava intacto e dessa vez Marino não erraria, substituiu sua bebida por Aguarráz, um solvente altamente corrosivo e venenoso, mas foi em vão, Malloy bebeu, desmaiou e voltou ao bar para a surpresa e desespero de Marino, que também lhe deu para beber Linimento para cavalo (unguento para evitar enrijecimento muscular) e veneno de rato!! Tudo em vão, Malloy continuava vivo e são para infelicidade dos conspiradores.

Francis Pasqua, um dos cinco assassinos, havia visto um homem morrer depois de comer Ostras com Uísque, e deu essa ideia à Marino, que acatou, só que no lugar da bebida misturaram os frutos do mar  com Metanol, um combustível altamente tóxico, Malloy comeu tudo e nada sentiu, desesperados lhes deram sardinhas envenenadas misturadas com pedaços de tachinhas e gilete, e outra vez, nada!!!  Malloy estava vivo e saudável.

Os cinco assassinos já em desespero e vendo que os métodos “sutis” falharam, partiram para algo mais drástico e em uma noite fria daquele inverno (-26 ° C) Malloy desmaiou de beber, os bandidos o levaram naquele estado até um parque da cidade e o jogaram na neve sem roupa despejando, em seguida, cinco galões de água (19 litros) sobre o infeliz, mas no entanto Malloy apareceu no dia seguinte para buscar sua bebida de cada dia (!!!!!!!!).

Hershey Green, um motorista de táxi amigo de Marino, aceitou atropelar Malloy por alguns trocados (época de crise), e assim o fez, atropelou o irlandês a mais de 70 Km/h quando ele estava bêbado, mas de nada adiantou, depois de uma semana no hospital o “Homem de ferro” voltou ao bar com seus hematomas e ferimentos para buscar sua bebida.
 
No dia 22 de fevereiro, depois de seis semanas da campanha para matá-lo, Malloy finalmente faleceu quando os conspiradores o levaram para o escritório de Joseph Murphy (um dos cinco bandidos) e colocaram uma mangueira ligada à tubulação de gás em sua boca, Malloy morreu cerca de uma hora depois desse fato. 

Oficialmente seu óbito foi dado como “pneumonia” e seu corpo foi enterrado rapidamente para não levantar suspeitas, só que Malloy foi tão resistente que seus assassinos chamaram muita atenção nas tentativas de mata-lo e ele já tinha virado uma lenda por ter driblado a morte inúmeras vezes daquela forma. Seu o nome corria de bar em bar, de esquina em esquina e eventualmente acabou parando nos ouvidos dos policiais juntamente com os boatos sobre o plano de enriquecimento de Marino e seus comparsas proveniente das apólices de seguro.

O corpo de Malloy foi exumado e periciado, a farsa foi descoberta e os suspeitos foram detidos e confessaram o crime, o taxista foi preso e os cinco assassinos foram condenados à morte pela cadeira elétrica, todos morreram na primeira tentativa.