sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O BRASIL NÃO É RACISTA


Por: Elenilton da Cunha Galvão




       Dizem que no Brasil não existe racismo, sim existe, e o pior deles, o racismo velado escondido no sorriso amarelo dos burgueses e seus capachos que insistem em imaginar que nosso Estado é deles e a eles deve servir. Nossa elite medíocre que simplesmente apagou toda a contribuição histórica dos negros do Brasil que foi erguido no suor e no sangue deles, primeiramente com mecanismos do Estado como o IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) branqueando e maquiando nosso país, agora se apaga com algo chamado liberalismo burguês.


      Dizem que no Brasil não existe racismo, que isso é discurso "desses pretos que se vitimizam", sim existe, e o pior deles, o racismo liberal que sempre coloca o argumento da "igualdade de condições" quando esta NUNCA, JAMAIS existiu, já que há uma grande diferença entre morar no centro e nascer em berço de ouro e castelo de cristal e nascer na periferia acostumando-se com o som de tiros (que não são de borracha). A igualdade de condições é uma falácia da nossa elite que, vejam só, é composta na maioria de brancos!!! 


       Dizem que no Brasil não tem racismo, que os "pretos já conseguiram o que queriam", sim existe, e o pior deles, o racismo da meritocracia, da legitimidade do "não tô nem ai", "não tenho culpa de o país ser assim", "que se foda", o racismo que não enxerga que de um total de 50,7% da população do nosso país que é negra, existe somente 30% dos mesmos no funcionalismo público, e 35,8% no ensino superior, e isso porque esse ultimo número triplicou nos últimos 10 anos, ou seja, temos um país negro com um Estado branco de educação para brancos que insiste em dizer que é legitimo seu "direito adquirido", que seu direito é "sagrado", e que esse papo de cotas que é racista.


       Dizem que no Brasil não existe racismo que isso é conversa "desses pretos vagabundos que gostam de receber bolsa família", sim existe, e o pior deles, o da segregação econômica que faz com que um negro com determinado grau de instrução tenha um salário em média 40% menor que um branco de mesmo grau de estudo, e que em um universo de 8,5% da população brasileira (16,27 milhões de pessoas) vivendo em situação de extrema pobreza 70,8% são negros, e de todos os pobres do Brasil 71% são de afrodescendentes, mas claro, distribuição de renda é mecanismo de criar vagabundo, porque “o trabalho dignifica o homem”, principalmente se ele for um branco que ergueu seu “suado” dinheirinho explorando a miséria alheia.


       Dizem que no Brasil não existe racismo e que isso é fruto desse “coitadismo” típico dos “pretos que você da a mão e eles querem o braço”, sim existe sim, e o pior deles, o racismo da violência legítima em que bater em preto pobre é comum, mas em um branco burguês é um acinte, o racismo que se esconde nos dados que dizem que para 1.3% da população branca que declarou ter sido agredida existe 1.8% de negros em igual situação e que desses 61.8% não procuraram a policia por medo de represálias contra 38.2% de brancos que deram a mesma desculpa. O racismo da morte de cerca de 40 mil negros por ano no Brasil, contra 16 mil não negros.

       Poderia continuar a dar inúmeros dados para mostrar que no Brasil há racismo e um racismo fortemente enraizado nessa cultura elitista e subserviente a um “modus vivendi” que beneficia somente o branco burguês cristão, mas como dizem por ai: “ isso é racismo”, somente não é racismo crer que vivemos no melhor dos mundos (áh os otimitas! Como dizia Voltaire), e que esse papo de racismo não existe mais, que deveríamos acabar com essas “cotas racistas”, esse “bolsa família racista” e deixar os “pretos irem trabalhar”, afinal ser um “cidadão de bem” exige esforços monumentais que esses “pretos pobres” não fazem, o seu João que levanta às 5:00 da manhã para cortar cana não faz, nem a dona Maria, doméstica, que lava a louça de seus patrões brancos enquanto sua filha limpa a bunda de seu bebê branco.


       Racismo mesmo foi Zumira de Souza morrer no dia 22 de maio do ano passado depois que seu grupo de amigos todos angolanos foi ofendido por um grupo de homens BRANCOS em um bar e logo após um deles, armado, ao descer de seu Golf prata efetuou disparos contra o grupo, Zumira morreu na hora. Zulmira, angolana, foi assassinada com um disparo na testa. Era estudante no Brasil, tinha 27 anos e terminou a sua formação em 2011, pela Universidade Paulista UNIP. 



       ZUMIRA ERA NEGRA.










Fontes:

http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/05/brasil-tem-1627-milhoes-de-pessoas-em-situacao-de-extrema-pobreza.html

http://www.brasil.gov.br/governo/2013/11/funcionalismo-publico-nao-reflete-diversidade-do-povo-brasileiro

http://noticias.terra.com.br/educacao/ibge-em-10-anos-triplica-percentual-de-negros-na-universidade,4318febb0345b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/renda-de-negro-e-pardo-e-40-menor-que-de-branco/38070/

http://noticias.sapo.ao/vida/noticias/artigo/1244865.html



http://mamapress.wordpress.com/2012/05/24/angolana-executada-com-tiro-na-testa-por-racista-brasileiro-em-sao-paulo/

http://jus.com.br/artigos/23171/abismo-entre-brancos-e-negros-ainda-e-muito-grande-no-pais

http://historiaartebrasileira.blogspot.com.br/2009/05/o-debate-racial-no-brasil-do-seculo-xix.html

http://www.otempo.com.br/cidades/racismo-e-pobreza-fazem-negros-liderarem-número-de-assassinados-1.748319