Não obstante da cegueira e ignorância total da direita fascista brasileira, os difusores da ideologia burguesa de nossa elite, a classe média, apoiada em discursos do filósofo de quarta série Olavo de Carvalho, propaga nas redes sociais para os cidadão comuns uma das convergências mais absurdas da história mundial, o NAZISMO como um partido ideologicamente de esquerda, obviamente há diversos estudos e blogs que demonstram que tal fato não é só contraditório, como em si mesmo é uma falácia digna do pior dos analfabetos funcionais ou cidadãos mal escolarizados, como este aqui, todavia, para um melhor esclarecimento sobre esse absurdo deixo para que todos possam ler (apesar de saber que a leitura não é um hábito da direita) o Capítulo VII da obra de Hitler "Mein Kampf" _Minha Luta_, na qual o mesmo, como porta voz atemporal do nacional socialismo , explica sua visão sobre a esquerda marxista.
O trecho abaixo encontra-se da página 444 à 469, e para os mais interessados disponibilizo a obra para o download aqui.
"CAPÍTULO VII
A LUTA COM A FRENTE VERMELHA
Em
1919/20 e também em 1921, assisti pessoalmente a algumas das chamadas
"assembléias burguesas". A impressão que delas guardei, foi sempre a mesma,
que me causava, na minha juventude, a colher obrigatória de óleo de fígado de
bacalhau. Tem que ser engolida, deve fazer muito bem, mas o gosto é detestável!
Se fosse possível amarrar com cordas todo o povo alemão, arrastando-o à força para
essas manifestações públicas, trancando as portas para não deixar sair um só, até
o fim da representação, talvez ao cabo de alguns séculos tudo isso desse algum resultado.
Aliás devo confessar abertamente, que se isso acontecesse, eu não teria mais
prazer na vida, preferindo até não ser mais nem alemão. Não sendo isso possível
- graças a Deus - ninguém se deve admirar de que o povo sadio e não corrompido
evitasse as tais "assembléias de grandes multidões burguesas", como odiabo
foge da água benta.
Cheguei
a conhecer, muito bem, esses profetas de uma doutrina burguesa, e, por isso,
não me causa a menor surpresa, sendo até compreensível, que eles não atribuam
a, mínima significação à palavra falada. Naquele tempo, assisti a reuniões de
Democratas, de Nacionais-Alemães, do Partido Popular Alemão, e também do Partido
Popular da Baviera (Centro Bávaro). O fato que em todas elas chamava logo atenção
era a homogeneidade do auditório. Quase sempre, os que tomavam parte em tais
manifestações, só eram os membros dos partidos. Sem disciplina alguma, o conjunto
se assemelhava mais a um clube de jogadores de cartas, que já está com sono, do
que à assembléia de um povo que acabava de passar por sua maior revolução. Para
conservar esta atmosfera de paz, os oradores faziam tudo o que estava na medida
de suas forças. Falavam, ou melhor, liam discursos que mais pareciam artigos de
jornal ou dissertações científicas, evitando toda palavra mais grosseira,
aplicando, aqui e ali, algum insulso gracejo professoral que fazia rir, de uma
maneira forçada, a digníssima mesa da Diretoria. Se bem que não rissem estrondosamente,
já era convidativo esse riso, abafado com distinção e reserva!
E
só essa mesa presidencial!!!
Uma
vez assisti a uma reunião na "Sala Wagner", em Munique. Era uma manifestação
por ocasião do aniversário da grande batalha de Leipzig. O discurso foi
proferido ou lido por um respeitável senhor de idade, professor em uma universidade
qualquer. A diretoria ocupava o estrado; à esquerda, um monóculo, à direita, um
monóculo, entre os dois, um "sem monóculo", Todos três vestiam sobrecasaca,
o que dava a impressão de se estar, ou em um tribunal, que se prepara a uma
execução, ou em um batizado festivo; enfim, em um ato de solenidade religiosa.
O tal discurso, que, escrito, talvez pudesse ter dado uma impressão sofrível
produziu um efeito verdadeiramente deplorável. Passados três quartos de hora,
já a assembléia cochilava, em uma espécie de estado de transe, interrompido
somente pela saída de um ou outro homem ou melhor, pelo barulho de pratos das
copeiras e os bocejos de ouvintes, em número sempre crescente. Três operários,
que assistiam à reunião, por curiosidade ou sob encomenda, olhavam-se, de
quando em vez, com uma careta mal dissimulada, acotovelando-se, por fim, antes
de saírem bem devagarinho. Atrás deles estava eu. Via-se que, de modo algum,
queriam incomodar, precaução francamente supérflua em uma tal assembléia.
Afinal, parecia esta aproximar-se do termo. Depois de concluída a conferência
do professor, cuja voz se fora tornando cada vez mais fraca, ergueu-se o líder
da tal sessão, exprimindo, em frases bombásticas, sua gratidão aos "irmãos
e irmãs" alemães ali reunidos e sugerindo a atitude que eles deveriam
tomar diante do extraordinário e magnífico discurso do Sr. Professor X., feito
com a máxima profundeza e grande conhecimento do assunto, tendo sido verdadeiramente
"um acontecimento vívido", sim "uma ação cristalizada na
palavra". Acrescentar ainda uma discussão a essas luminosas dissertações,
significaria uma profanação desta hora sagrada. De acordo com todos os
presentes, desistia ele, por conseguinte, de continuar a falar, pedindo a
todos, porém, que se levantassem, entoando o brado de:
"Nós
somos um povo de irmãos unidos", etc. Para terminar a sessão, foram todos convidados
a entoar a "canção da Alemanha".
Cantaram,
então. A minha impressão era que, já na segunda estrofe, as vozes diminuíam, só
se avolumando muito no estribilho: na terceira, a mesma impressão aumentou
tanto, que cheguei a duvidar se todos saberiam bem de cor, o que estavam
cantando. No entanto, que coisa empolgante, quando semelhante canção jorra, com todo o fervor, do fundo da alma de um
alemão nacionalista! Depois disso, dispersou-se a reunião, isto é: todos tinham
pressa de sair, uns para beberem cerveja, outros para tomarem café, outros
ainda para passearem. Era o anseio geral!
Para
fora, para o ar livre, para fora! Minha vontade era de fazer o mesmo, E isso
deve servir à maior glória de uma luta heróica de centenas e milhares de Prussianos
e Alemães? Raios os partam! Só o governo pode com efeito gostar de tais coisas!
Naturalmente, isso é o que se pode chamar uma assembléia "pacífica".
O Ministro não precisa recear a perturbação da paz e da ordem ou que as ondas
do entusiasmo possam fazer transbordar subitamente a medida da conveniência
burguesa ou que, levado pelo entusiasmo, o povo se precipite fora da sala, não
para o café ou pare a taberna mas sim para marchar, quatro a quatro, pelas ruas da cidade
cantando "urra à Alemanha" e incomodando assim uma polícia, que
deseja descansar. Não! Com tais cidadãos, o Estado pode se dar por satisfeito.
Ao
contrário destas, as assembléias nacionais-socialistas nada tinham de "pacíficas".
Aí, as ondas de duas doutrinas quebravam-se de encontro uma à outra, não
terminando com cantos patrióticos sem significação e sim cem a irrupção fanática
de paixões populares. Desde o princípio, a introdução da disciplina cega e a garantia
da autoridade da direção impôs-se nas nossas assembléias como uma condição das
mais importantes, pois os nossos discursos não eram comparáveis ao falatório
desenxabido de qualquer orador "burguês", mas, ao contrario,
apropriados, pelo conteúdo e pela forma, a provocar a réplica do adversário.
E
quantos e que sorte de adversários havia nas nossas reuniões! Quantas vezes
entravam instigadores na sala, em número' avultado, no meio deles alguns especialmente
designados, lendo- se em todos os semblantes a convicção: "Hoje acabamos
com vocês"! Sim, quantas vezes nossos amigos vermelhos compareciam até
ali, em colunas cerradas, com a missão bem delineada de dispersar aquilo tudo na
mesma noite, à força de pancada, pondo um fim àquela história, E quantas vezes esteve
tudo perto disso mesmo! As intenções do adversário foram aniquiladas apenas
pela energia férrea de nossos líderes e pelas medidas brutais de nossa polícia
defensiva. E eles tinham toda a razão de se sentir irritados.
Só
a cor vermelha dos nossos cartazes fazia com que eles afluíssem às nossas
salas de reunião. A burguesia mostrava-se horrorizada por nós termos também
recorrido à cor vermelha dos bolchevistas, suspeitando, atrás disso, alguma atitude
ambígua. Os espíritos nacionalistas da Alemanha cochichavam uns aos outros a
mesma suspeita, de que, no fundo, não éramos senão uma espécie de marxistas,
talvez simplesmente mascarados marxistas ou, melhor, socialistas. A diferença
entre marxismo e socialismo até hoje ainda não entrou nessas cabeças. Especialmente,
quando se descobriu, que, nas nossas assembléias, tínhamos por princípio não
usar os termos "Senhores e Senhoras" mas "Companheiros e Companheiras",
só considerando entre nós o coleguismo de partido, o fantasma marxista surgiu
claramente diante de muitos adversários nossos. Quantas boas gargalhadas demos
à custa desses idiotas e poltrões burgueses, nas suas tentativas de decifrarem
o enigma da nossa origem, nossas intenções e nossa finalidade! A cor vermelha
de nossos cartazes foi por nós escolhida, após reflexão exata e profunda, com o
fito de excitar a Esquerda, de revoltá-la e induzi-la a frequentar nossas
assembléias; isso tudo nem que fosse só para nos permitir entrar em contato e
falar com essa gente.
Era
delicioso seguir naqueles anos a falta de iniciativa e de recursos dos nossos
adversários, pela sua tática eternamente vacilante. Primeiro, incitavam os seus
adeptos a não nos darem a menor atenção, evitando as nossas reuniões, conselhos
aliás geralmente seguidas. Como, porém, no decorrer do tempo, alguns apareciam
isoladamente, aumentando lentamente, mas cada vez mais, o número, e a impressão
deixada pela nossa doutrina era manifesta, os chefes iam ficando nervosos e
inquietos, afincando-se na convicção de que esta evolução não deveria continuar
a prolongar-se, devendo-se-lhe dar um paradeiro, por um sistema de terror. Depois
disso, houve convites aos "Proletários conscientes de sua classe", para
assistirem, em massas compactas, às nossas assembléias, a fim de atacar
"as intrigas monárquicas, reacionárias", entre seus representantes,
com os punhos cerrados do Proletariado.
De
repente, nossas reuniões começaram a ficar repletas de operários, três quartos
de hora antes de começarem. Assemelhavam-se ao barril de pólvora, que podia a
cada instante voar pelos ares, e sob o qual já se via arder a mecha, Acontecia,
entretanto, sempre o contrário. Esses operários entravam como inimigos e, ao
saírem, se já não eram adeptos nossos, pelo menos submetiam sua própria doutrina
a um exame refletido e crítico. Pouco a pouco, depois de uma conferencia minha,
que durou três horas, adeptos e adversários chegaram a fundir-se em uma só
massa cheia de entusiasmo. Toda tentativa para dispersar a nossa assembleia tornou-se
debalde. Os chefes adversários começavam francamente a ter medo, voltando-se
novamente para os antigos adversários desta tática e que agora apontavam, com
uma certa aparência de razão para sua opinião, e que consistia em vedar
categoricamente ao operário a frequentação das nossas reuniões.
Nesse
ponto, parou ou, pelo menos, diminuiu a freqüência. Ao cabo de
pouco
tempo, recomeçou, porém, o mesmo jogo. Não se observava a proibição, os
correligionários deles compareciam cada vez mais, triunfando, por fim, os
partidários da tática radicalista. Nós estávamos destinados a saltar pelos
ares. Quando,
depois de várias reuniões, descobriu-se que uma dispersão, por meio de bombas,
era mais fácil em teoria do que na prática, e que o resultado de cada reunião
era um esfacelamento das tropas rubras de combate, elevou-se subitamente
outro grito: "Proletários, companheiros e companheiras! Evitai as Assembléias
dos Instigadores Nacionais Socialistas!" Na imprensa "vermelha" encontrava-se
a mesma tática, eternamente vacilante, Experimentavam matar-nos pelo silêncio e
acabavam convencidos da inutilidade desta tentativa, voltando a tomar medidas
contrárias. To. dos os dias, éramos "citados" em todas as oportunidades
e, quase sempre, com o fim de fazer ver ao operário o ridículo da nossa
existência. Passado algum tempo, os tais senhores tiveram que sentir, entretanto,
não só a inocuidade como até a utilidade de tal iniciativa. Naturalmente, alguns
deles faziam a si próprios a pergunta: "Para que perder tantas palavras
com uma coisa, que não passa de uma ficção ridícula?" A curiosidade
popular crescia.
Neste
ínterim, operou-se uma reviravolta e começamos a ser tratados como verdadeiros
malfeitores da humanidade, Choviam artigos sobre artigos, com explanação e
provas sempre renovadas a respeito das nossas intenções criminosas, histórias
escandalosas, se bem que bordadas à vontade, de começo ao fim. Isso tudo devia
servir de complemento ao que precedeu. Todavia, já em pouco tempo parecia ter
sido tirada a prova da ineficácia desses ataques.
Na
realidade tudo isto só servia a contribuir para que a atenção geral se
concentrasse
sobre nós, ainda mais do que dantes. Minha atitude naquela época foi a
seguinte: ficar indiferente à troça ou ao insulto, a ser apontado como palhaço,
bobo ou como criminoso, o que me importava é que fôssemos citados, que a
opinião pública se ocupasse conosco e que aos poucos aparecêssemos, diante do
operariado, como sendo o único poder, com o qual ainda era possível haver
discussão. O que realmente somos e tencionamos realizar ainda chegaremos a
demonstrar, um belo dia, à corja da "imprensa judaica".
Foi
devido à covardia, francamente incrível, dos chefes da oposição, que,
naquela
ocasião, não houve quase um só ataque direto contra as nossas assembléias. Em
todos os casos críticos, mandavam na frente alguns toleirões, que o mais que
faziam era espreitarem fora das salas o resultado da explosão! Quase
sempre vivíamos bem informados sobre as intenções desses cavalheiros, não só
por termos, no meio dos blocos vermelhos, muitos correligionários, para
servirem nossas conveniências, como também por causa da tagarelice dos próprios
manejadores do partido vermelho. Nesse caso, isso nos foi de grande utilidade,
embora não deixe de ser um defeito infelizmente muito disseminado entre o povo
alemão. Não podiam eles ficar sossegados, quando tinham uma notícia nova;
costumavam, a maior parte das vezes, cacarejar, antes mesmo de pôr o ovo.
Quantas e quantas vezes já tínhamos feito os preparativos mais importantes, sem
que os comandantes rubros do corpo de bombardeio o suspeitassem, nem de leve.
Esse
tempo nos forçou a tomar a peito, por nossa conta, a proteção das
nossas
assembléias. Com a garantia das autoridades não há quem possa contar; ao contrário,
está provado que ela só beneficia os perturbadores da ordem. Em matéria de
intervenção de autoridades, pode-se assinalar, como único resultado efetivo, a dissolução
e, portanto, o encerramento da assembléia, E não era outra a finalidade nem a
intenção dos desordeiros adversários.
De
um modo geral, formou-se, na Polícia, um hábito, que representa a maior monstruosidade
imaginável em matéria de atentado aos direitos humanos. Quando a autoridade,
por meio de qualquer ameaça, é advertida que uma Assembléia corre o perigo de
ser atacada, em vez de prender os ameaçadores, proíbe aos outros – aos inocentes
- a entrada na sala - medida esta, que ainda por cima, enche de orgulho o espírito
comum da nossa Policia. Isto, no seu modo de ver, representa uma medida preventiva
para impedir qualquer infração "às leis".
O
bandido resoluto, por conseguinte, dispõe, a toda hora, das armas necessárias
para impossibilitar o indivíduo honesto de tomar parte ou trabalhar em questões
políticas, Em nome do sossego e da ordem pública, curva-se a autoridade do
governo diante do bandido e pede ao outro que desista de provocá-lo. Quando então
os Nacionais-Socialistas queriam fazer reuniões em determinados locais, e as corporações
operárias declaravam oposição a tal iniciativa, a Polícia seguramente não poria
esses malfeitores detrás do cadeado e do ferrolho, limitando-se a proibir a nossa
reunião. Sim, esses órgãos da Lei tiveram até o incrível descaramento de nos fazer
tal comunicação, inúmeras vezes, por escrito.
A
fim de escapar a semelhantes eventualidades, era preciso tomar
precauções,
para abafar, já no germe, toda tentativa de perturbação. Neste ponto ainda se
deveria considerar o seguinte: "todo comício, que não contar com outra garantia
se não a da polícia, desmoraliza seus organizadores aos olhos da grande massa
do povo". "Assembléias cuja realização só é anunciada por um grande
cartaz policial, não são convidativas, já que as condições para a conquista das
camadas mais baixas de um povo, por si já devem se manifestar como uma força
real e bem sensível". Tal qual um homem corajoso vencerá um covarde na
conquista de corações femininos, um levante heróico mais facilmente ganhará a
alma popular do que um movimento pusilânime, que só não se extingue devido à
proteção policial.
Era
sobretudo este último motivo, que obrigava o partido incipiente a cuidar de sua
própria defesa e a resistir sozinho ao regime terrorista do adversário.
Eis
os fundamentos da proteção às assembléias:
1)
Uma direção enérgica e psicologicamente bem compreendida.
2)
Uma tropa organizada para manter a ordem.
Quando
nós, os Nacionais-Socialistas, promovíamos, naquele tempo, uma reunião, esta
era exclusivamente dirigida por nós; direito de chefia esse, que, aliás, sem
interrupção e a cada minuto, sublinhávamos explicitamente. Nossos adversários
sabiam perfeitamente que qualquer provocador de desordem seria enxotado sem a
menor consideração, mesmo que nós só fôssemos doze e eles quinhentos homens.
Nas reuniões daquela época, mormente fora de Munique, quinze ou dezesseis dos
nossos correligionários se encontravam frequentemente com quinhentos,
seiscentos, setecentos e oitocentos adversários. Ainda assim, não tolerávamos
nenhuma provocação, e os freqüentadores das nossas reuniões sabiam muito bem
que nós preferiríamos a morte à rendição. Mais de uma vez também sucedeu, que
um punhado de correligionários nossos, saiu vitorioso, lutando contra uma
maioria de vermelhos, que berravam e davam pancadas a torto e a direito
Esses
quinze a vinte homens seguramente teriam acabado por ser vencidos. Mas os
outros sabiam, que, antes disso, um grupo duas ou três vezes maior teria tido
ali o crânio partido, e era preferível não correr esse risco. Tentamos
aprender e realmente aproveitamos alguma coisa sobre a técnica das assembléias
marxistas e burguesas.
Os
marxistas tiveram, desde a origem, absoluta disciplina, de modo que
nenhum
grupo burguês jamais cogitou de atacar uma das suas reuniões. Em
compensação,
tais intenções eram sempre alimentadas pelos vermelhos. Aos
poucos
tinham estes alcançado, nesse terreno, não só uma indiscutível perícia, mas até
chegaram ao ponto de apontar toda assembléia anti-marxista, em todo o território
do "Reich", como "uma provocação ao proletariado",
sobretudo onde os líderes farejavam, em qualquer comício, a enumeração de seus
próprios pecados, destinada a desmascarar a baixeza de seus atos mentirosos e
enganadores praticados contra o povo. Mal se ouvia anunciar uma reunião desse
gênero, a "Imprensa Vermelha", em bloco, começava um berreiro louco.
Os desrespeitadores profissionais da Lei, procuravam então, não raramente, as
autoridades, com o pedido, tão suplicante quanto ameaçador, de impedir
imediatamente tal "Provocação ao Proletariado", a fim de evitar
conseqüências mais graves. Suas palavras eram acolhidas e o sucesso alcançado,
segundo a "estupidez" do "funcionário" a quem se dirigiam.
Se, por exceção, em tal posto se achasse realmente um funcionário alemão (e não
"uma criatura funcionalizada") sendo assim recusada a descarada
exigência, seguia-se então o conhecido convite a repelir uma tal
"Provocação". Tratava-se então de marcar para tal dia uma reunião, à
qual compareciam em grande número.
Para
que se possa fazer uma idéia segura, é preciso ter-se visto uma dessas reuniões,
é preciso ter-se passado pelo pavor, que experimentava a direção de uma tal
sessão! Mais de uma vez bastariam ameaças dessa ordem para fazer adiar uma dessas
reuniões. Às vezes, o medo era tamanho que, em lugar de 8 horas, raramente
alguém comparecia à abertura antes de 9 horas ou 9 menos um quarto. O presidente
se esforçava então por explicar aos presentes "Senhores da Oposição",
- e isto por meio de inúmeros cumprimentos - a que ponto ele e todos os
presentes se alegravam intimamente (mentira crassa!) com a visita de homens que
ainda não partilhavam de suas convicções; pois só a permuta de idéias (o que
foi logo de antemão, aprovado, o mais solenemente possível), podia aproximar as
convicções, despertar a compreensão recíproca e formar como uma ponte entre
eles.
Asseverava,
ao mesmo tempo, que a assembléia não tinha a mais leve intenção de afastar cada
um de suas idéias antigas. "Longe de nós tal suposição", diziam eles,
cada um que seguisse as suas próprias idéias, consentindo, porém, que os outros
fizessem o mesmo! Por isso pedia ele que deixassem o orador prosseguir até o
fim, aliás próximo, para evitar de dar ao mundo, com esta reunião, o espetáculo
vergonhoso do ódio íntimo entre irmãos da mesma pátria.
É
verdade que a irmandade da esquerda não atendia quase nunca a tal apelo;
pois, antes mesmo do orador abrir a boca, já era ele alvo das mais loucas descomposturas,
tendo que escafeder-se. Não raramente deixava ele a impressão de uma certa
gratidão à sorte, que lhe encurtara o processo martirizante, Debaixo de um
barulho infernal, é que esses "toreros" das assembléias burguesas
deixavam a arena, se é que não rolavam nas escadas com as cabeças cheias de
"galos" - o que acontecia muito freqüentemente. Desse
modo, a organização dos nossos comícios e, sobretudo, a feição que lhes
dávamos, foi uma verdadeira novidade para os marxistas. Entravam plenamente
convencidos de que poderiam repetir o seu eterno jogo: "Hoje
devemos acabar com isso!" Quantos, ao penetrarem nas nossas sessões,
não terão proferido, com arrogância, esta frase para algum colega, para caírem
diante da porta da sala, antes de gritarem pela segunda vez! E tudo isso coma
rapidez de um raio. Em primeiro lugar, já a presidência dos nossos comícios era
diferente da dos demais. Não se mendigava permissão para fazer conferência,
também não se garantia a qualquer um, de antemão, a liberdade de fazer
discursos intermináveis.
Observávamos
que a presidência era inteiramente nossa, que estávamos em nossa casa e que a
ousadia de interromper a sessão por intervenções extemporâneas seria, sem
piedade, castigada com a expulsão imediata. Se sobrasse tempo e isso nos
conviesse, toleraríamos uma discussão, mas só nesse caso.Só isso provocava
espanto.
Em
segundo lugar, tínhamos á nossa disposição um serviço bem organizado de defesa.
Entre os partidos burgueses, esse serviço de defesa, ou, melhor, serviço de
ordem, geralmente era confiado a senhores, que, pela dignidade da sua idade, julgavam
possuir algum direito à autoridade e ao respeito. Como as massas populares,
incitadas por marxistas, não davam, absolutamente, importância a autoridade,
nem a idade, essa tal guarda burguesa era, praticamente, inútil. Logo no começo
de nossa grande atividade nos comícios, propus a organização de uma
"guarda da sala", como um serviço de ordem para G qual só se deviam
recrutar rapazes fortes. Uns eram camaradas que eu conhecia dos tempos do
serviço militar; outros eram correligionários há pouco angariados e que, desde
os primeiros dias, vinham sendo educados na convicção de que o terror só se
vence pelo terror e que, neste mundo, o sucesso, até hoje, sempre se decidiu do
lado que demonstrou mais coragem e resolução, que o nosso combate gira em torno
de uma idéia formidável, tão grande e elevada que merece plenamente ser
resguardada e protegida, mesmo com o sacrifício da última gota de sangue.
Estavam convencidos da verdade do seguinte princípio: o ataque constitui a arma
mais eficaz da defesa, uma vez que a razão se cala e a violência é chamada a
falar. Nossa tropa de serviço de ordem tem que ser precedida da fama de ser uma
comunidade de combatentes decididos ao extremo, e não um "Clube de
Debates".
E
que ânsia reinava, entre essa mocidade, por uma tal divisa! Que decepção e
indignação, que nojo e repugnância animava esta geração de batalhadores ante a
moleza sem nome dos burgueses! Aí é que se via, claramente, que a Revolução só
vingara, graças à desoladora direção burguesa do nosso povo. Mesmo naquela
época, teria sido possível encontrar braços fortes para proteger o povo alemão,
Faltaram, apenas, as cabeças para guiarem-no. Com que olhos faiscantes me
olhavam os meus rapazes, quando eu lhes expunha a importância da alta missão,
assegurando- lhes, cada vez mais, que, neste mundo, toda sabedoria fracassa
quando não é protegida pela força, que a doce deusa da Paz só pode caminhar ao
lado do deus da Guerra e que toda e qualquer ação pacífica necessita do amparo
e do auxílio da força. Essas preleções contribuíram para a compreensão da idéia
de defesa pela força, mais eficientemente do que os processos outrora adotados.
Isso se yen. ficava não no espírito dos "fossilizados" funcionários
públicos, ao serviço de uma autoridade morta, em um país igualmente morto, mas
naqueles que tinham pleno conhecimento do dever, cada um disposto,
individualmente, a pagar com a sua vida o tributo exigido pela existência
coletiva de seu povo.
Com
que entusiasmo se alistavam então esses rapazes! Tal qual um enxame de vespas,
eles caíam em cima de quem ousasse perturbar nossos comícios, sem ter em consideração
o fato de os adversários estarem em maioria, sem temer ferimentos nem sacrifícios
de sangue, somente animados do grande ideal, que consistia em abrir caminho à
santa missão do nosso movimento. Já no meio do verão de 1920, o Serviço de
ordem foi, aos poucos, tomando uma feição definida, até organizar-se, na primavera
de 1921, em grupos de cem, que, por sua vez, ainda se subdividiram.
Tudo
isso era de uma necessidade premente, pois, nesse ínterim, a atividade nas
reuniões aumentava cada vez mais. Ainda nos reuníamos por vezes, na sala de festas
do "Münchener Hofbräuhaus", mais freqüentemente, porém, em salas mais
espaçosas. A sala de festas do "Bürgerbräu" e do "Münchener
Kindl-Keller" foram o teatro, em 1920 e 1921, da realização de assembléias
populares cada vez mais formidáveis. O quadro, porém, era sempre o mesmo.
Manifestações do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, já,
naquela época, tinham de ser interditas pela Polícia, a maior parte das vezes
devido à aglomeração antes do início das reuniões.
A
organização do nosso serviço de ordem veio esclarecer uma questão importantíssima.
Até então o movimento não possuía, nem insígnias nem estandarte próprios do
Partido. A falta de semelhantes emblemas não só apresentava desvantagens no
momento, como se tornava indefensável no futuro. As desvantagens consistiam, no
presente, na falta de um símbolo para exprimir a solidariedade dos
correligionários e, de futuro, não seria possível dispensar um sinal distintivo
do movimento que pudesse servir de oposição à "Internacional".
Já
na minha juventude, tinha tido, muitas vezes, a ocasião de sentir e compreender
a significação psicológica de símbolos dessa ordem. Depois da Guerra,
presenciei uma grande manifestação dos marxistas diante do Palácio Real, no
Lustgarten. Uma imensidade de bandeiras, de faixas e de flores vermelhas davam
a essa manifestação, na qual tomavam parte, aproximadamente, cento e vinte mil
pessoas, uma aparência formidável. Pude sentir com que facilidade homem do povo
é empolgado pela magia sugestiva de um tal espetáculo. A
burguesia, que, como partido político, não representa nenhum ponto de vista
geral, por isso mesmo, não possuía bandeira própria. Compunha-se de "patriotas"
e usava as cores do Reich. Se essas fossem, realmente, o símbolo de um determinada doutrina, compreender-se-ia que os proprietários" do Estado enxergassem,
também, na bandeira deste, a representação de seus pontos de vista, uma vez que
o símbolo das suas idéias já se tinha tornado bandeira do Estado e do Reich,
graças à sua própria atividade.
Entretanto,
as coisas não se passavam desse modo. O Reich se tinha formado sem a
contribuição da burguesia alemã. A própria bandeira tinha sido criado no campo
da guerra. Não passava, porém, de uma bandeira do Estado, sem a menor significação
no sentido de uma finalidade universal. Só
na Áustria alemã é que existia, até então, qualquer coisa parecida com uma
bandeira burguesa de partido. Uma parte da burguesia nacional daquele país, escolhendo
as cores de 1848, preto, vermelho e ouro, para representar sua bandeira de
partido, havia criado um símbolo que, apesar de não ter significação mundial, trazia
os característicos políticos do Estado, embora revolucionário. Os inimigos mais
acerbos dessa bandeira preta, vermelha e ouro eram, naquele tempo – não esqueçamos
isso hoje - os Sociais-Democratas e os Sociais-Cristãos. Eram eles, justamente,
que insultavam, então, e emporcalhavam essas cores, tal qual mais tarde, em
1918, fizeram com o pavilhão preto, branco e vermelho. É verdade que o preto, o
vermelho e o ouro dos partidos alemães da velha Áustria representavam a cor do
ano de 1848, portanto, de uma época que pode ter sido de fantasias, que, porém,
contava, entre os seus representantes, com os alemães mais honestos, apesar de,
por trás dos mesmos, existir invisível o dedo do judeu. Por essa razão, a traição
da pátria e a vergonhosa venda do povo alemão e de suas riquezas tornaram logo
essas bandeiras tão simpáticas ao marxismo e ao Centro, que estes partidos, hoje,
veneram esses símbolos como a sua maior relíquia, adotando estandartes próprios
para proteger a bandeira sobre a qual, outrora, haviam cuspido.
É
assim que, até o ano de 1920. o marxismo não contava com nenhuma bandeira
adversária que oferecesse um contraste em matéria doutrinária. Mesmo que a
burguesia alemã, pelos seus melhores partidos, não quisesse mais condescender,
depois do ano de 1918, em adotar, como seu próprio símbolo, a bandeira do
Reich, preta. vermelha e ouro, não tinha, também, um programa a apresentar
futuramente, nessa nova evolução e nem a idéia de reconstrução do antigo Reich.
É
a essa idéia que a bandeira preta, branca e vermelha, do antigo Reich, deve
a sua ressurreição como emblema de nossos chamados partidos nacionais burgueses.
É evidente que o símbolo de uma crise que podia ser vencida pelo marxismo,
em circunstâncias pouco honrosas, pouco se presta a servir de emblema sob
o qual esse mesmo marxismo tem que ser novamente aniquilado. Por mais santas
e caras que possam ser essas antigas e belíssimas cores aos olhos de todo alemão
bem intencionado, que tenha combatido na Guerra e assistido ao sacrifício de
tantos compatriotas, debaixo dessas cores, não pode essa bandeira simbolizar uma
luta no futuro.
Ao
contrário dos políticos burgueses, sempre defendi, no nosso movimento, a
opinião de que, para a nação alemã, foi uma felicidade ter perdido sua antiga bandeira.
Não precisamos investigar o que a República tem feito debaixo da sua. De todo
coração, deveríamos, porém, ser gratos ao destino misericordioso que preservou
a mais heróica bandeira de guerra de todos os tempos de servir de lençol nos
antros da prostituição.
O
Reich atual, que vende seus cidadãos e a si próprio, nunca deveria arvorara
bandeira preta, branca e vermelha, coberta de honras e de heroísmo. Enquanto durar
a vergonha de novembro poderá a República continuar a usar suas insígnias próprias
sem roubar a bandeira de um passado honesto. Nossos políticos burgueses deveriam
ter consciência de que o uso da bandeira preta, branca e vermelha, por esse
Estado, eqüivale a um roubo ao passado. O antigo pavilhão, francamente, só se
adaptava ao antigo Reich. Graças a Deus, a República, também, escolheu um de acordo
com as suas idéias.
Eis
a razão por que nós, nacionais-socialistas, não teríamos podido enxergar,na
antiga bandeira, um símbolo expressivo de nossa própria atividade. Nossa intenção
não é ressuscitar o velho Reich, que pereceu por seus próprios erros, mas, sim,
construir um novo Estado. A
questão do novo pavilhão, isto é, o seu aspecto, ocupava muito a ossaatenção,
naquele tempo. De todos os lados recebíamos sugestões muito bem intencionadas,
mas sem sucesso. A nova bandeira tinha que representar o símboloda
nossa própria luta, e, ao mesmo tempo, deveria produzir um efeito majestososobre
as massas. Quem tiver o hábito de lidar com a massa popular verá,facilmente,
nessas bagatelas aparentes, questões de grande importância. Umemblema
que produza grande efeito pode, em milhares de casos, dar o primeiroimpulso
ao interesse popular por um movimento qualquer.Eis
porque tivemos de recusar todas as propostas, aliás bastante numerosas,
para identificar, por uma bandeira branca, o nosso movimento com o antigo
Estado ou, melhor ainda, com aqueles partidos enfraquecidos. cujo único fim político
consistia na restauração de situações passadas. Acresce ainda que o branconão
é uma cor arrebatadora; ela é apropriada a congregações de virgens castas epuras,
e não a movimentos violentos de uma época revolucionária.
O
preto foi igualmente proposto. Seria próprio para a época atual, nãoexprimia,
porém, as aspirações do nosso movimento. Além disso, o efeito dessa cornão
é empolgante. Branco-azul
não foi aceito, apesar do maravilhoso efeito estético, por ser acor
de um Estado da Alemanha, infelizmente de uma atitude política que não goza da
melhor fama, por sua estreiteza regionalista. Aliás, nessa escolha, não haveria nada
que correspondesse ao nosso movimento. Preto e branco estava no mesmo caso.
Preto, vermelho e ouro, por si mesmo, não entrou em questão, por motivos já mencionados.
Preto, branco e vermelho, pelo menos na mesma disposição antiga, também
não foi discutido. Quanto ao efeito, esta última composição de cores leva a palma
sobre todas as outras, realizando a mais brilhante harmonia.
Eu
mesmo fui sempre um advogado da conservação das cores antigas, não só
por venerá-las como uma relíquia, na minha qualidade de soldado, como, também,
pelo efeito estético que elas exercem e que é mais conforme ao meu gosto. Apesar
disso, fui obrigado a recusar, sem exceção, os inúmeros esboços que saíam,
naquele tempo, dos círculos do movimento incipiente, e que, na maior parte, tinham
introduzido a cruz suástica na antiga bandeira. Como líder, eu mesmo não queria
aparecer logo em público com o meu próprio projeto, porque era possível que alguém
tivesse a idéia de outro igual, ou mesmo melhor, do que o meu. Com efeito, um
dentista de Starnberg produziu um desenho bem regular e muito parecido com o meu,
com um único defeito de trazer a cruz suástica com ganchos curvos sobre um disco
branco.
Nesse
ínterim, depois de inúmeras tentativas, eu havia chegado a uma forma definitiva;
uma bandeira de fundo vermelho com um disco branco, em cujo meio figurava
uma cruz suástica preta. Após longas experiências, descobri, também, uma relação
determinada entre a dimensão da bandeira e a do disco branco, como entre a
forma e o tamanho da cruz suástica, e aí fizemos ponto final. No
mesmo sentido, fez-se logo encomenda de braçais para os encarregados do
"serviço de ordem", sendo o braçal vermelho, com um disco branco,
trazendo no centro
a cruz suástica preta.
O
emblema do partido foi esboçado segundo as mesmas diretrizes: um disco branco
sobre fundo vermelho e no centro a cruz. Um ourives de Munique, por nome Füss,
forneceu o primeiro esboço suscetível de ser empregado e adotado. Em
pleno verão de 1920, o novo pavilhão apareceu, pela primeira vez, em público.
Adaptava-se, admiravelmente, ao nosso movimento incipiente. Partido e bandeira
distinguiam-se pela novidade. Nunca tinham sido vistos antes. Seu efeito, naquele
momento, foi o de uma tocha incendiada. A nossa alegria foi quase infantil quando
uma fiel adepta de nosso partido executou o plano pela primeira vez e no-lo entregou.
Já poucos meses depois, possuíamos meia dúzia em Munique. As tropas do
"serviço de ordem", cada vez mais, extensas, contribuíram,
extraordinariamente, para
a propagação do novo símbolo do movimento. Era
um símbolo de verdade! Por serem intérpretes da nossa veneração pelo passado,
estas cores ardentemente amadas, que, outrora, alcançaram tanta glória para
o povo alemão, eram, agora, ainda a melhor materialização das aspirações do movimento.
Como nacionais-socialistas, costumamos ver na nossa bandeira o nosso programa.
No vermelho, vemos a idéia socialista do movimento, no branco, a idéia nacional,
na cruz suástica a missão da luta pela vitória do homem ariano, simultaneamente
com a vitória da nossa missão renovadora que foi e será eternamente
anti- semítica.
Dois
anos mais tarde, quando as "tropas de ordem" já se tinham transformado,
há muito tempo, em um batalhão de assalto de muitos milhares de homens,
surgiu a necessidade de dar a essa organização de defesa da nova doutrina
ainda um símbolo especial de triunfo: Os estandartes! Esses, também, foram
esboçados por mim e a execução foi confiada a um fiel adepto do partido, o ourives
Guhr. Desde aquele momento, os estandartes passaram a ser os sinais característicos
da campanha nacional-socialista. A
atividade nos comícios populares, que crescia, cada vez mais, durante o ano
de 1920, levou- nos, por fim, a marcar duas reuniões por semana, As multidões se
aglomeravam diante dos nossos cartazes, as salas mais espaçosas da cidade estavam
sempre repletas e dezenas de milhares de adeptos, desviados pelos marxistas,
voltaram à sua antiga comunidade, para lutar pela liberdade de um Reich futuro.
Já estávamos conhecidos pelo público de Munique. Falava-se em nosso nome,
e a expressão "Nacional-Socialista" já era familiar a muitos,
significando até mesmo
um programa, o número dos adeptos do movimento começou a crescer sem interrupção,
de modo que, no inverno de 1920/21, já podíamos aparecer em Munique
com um forte partido.
Naquele
tempo, não havia, fora dos partidos marxistas, nenhum outro, pelo menos
de caráter nacional, que pudesse registrar tão grandes manifestações populares. O
"Münchener Kindl-Keller", que podia comportar cinco mil pessoas,
ficou, mais
uma vez, à cunha, e só havia um local que não tínhamos ousado ocupar, Esse era
o circo Krone. No
fim de janeiro de 1921, surgiram, novamente, grandes preocupações para a
Alemanha. O tratado de Paris, pelo qual a Alemanha se obrigava ao pagamento da soma
absurda de cem bilhões de marcos ouro, devia se tornar uma realidade sob a forma
do pacto de Londres. Uma
associação de trabalhistas, que existia há muito tempo em Munique e era
formada por ligas populares, queria aproveitar esse pretexto para lançar o convite
para um grande protesto coletivo, o tempo urgia e, eu mesmo, me sentia nervoso
diante das eternas hesitações quanto às resoluções tomadas. Falou-se, primeiro,
em uma manifestação de protesto diante da Feldherrnhaller. Isso,
também, fracassou, surgindo, então, a proposta para uma reunião geralno
Münchener- Kindl-Keilcr. Nesse ínterim, passava o tempo. Os grandes partidos não
tinham dado a menor atenção ao terrível acontecimento e a associação trabalhista
não se podia decidir a fixar uma data certa para a tal manifestação.
Na
terça-feira, 1.° de fevereiro de 1921, exigi, com a maior urgência, uma resolução
definitiva. Fizeram-me esperar até quarta-feira, Nesse dia, pedi informações
seguras quanto à possibilidade da tal reunião, A resposta foi novamente incerta
e evasiva, Disseram que tinham a intenção de convidar a associação trabalhista
a realizar uma manifestação daí a oito dias. Com
isso esgotou-se a minha paciência e tomei a iniciativa de executar, sozinho,
uma manifestação de protesto. Quarta-feira, ao meio-dia, em dez minutos, ditei
a uma datilógrafa o anúncio da reunião, mandando, ao mesmo tempo, alugar o circo
Krone, para o dia seguinte, quinta- feira, 3 de fevereiro. Naquela
época, isso significava uma ousadia extraordinária, Não era só a incerteza
de poder encontrar auditório para encher aquele enorme espaço; havia, também,
o perigo de um ataque, durante a sessão. Nossas
"tropas de ordem" não eram suficientes para vigiar um espaço tão grande.
Eu também não tinha uma idéia definida sobre a atitude a tomar na eventualidade
de Um ataque, Acresce que eu achava a defesa mais difícil em um circo
do que em uma sala comum. Devia ser justamente o contrário, como ficou provado
mais tarde. Em uma área gigantesca, era mais fácil dominar um batalhão de assalto
do que em salas apertadas.Só
havia, de certo, uma coisa: todo fracasso poderia nos atrasar por muito tempo.
Um assalto, coroado de sucesso, poderia destruir, de um golpe, a nossa fama
e encorajar o adversário a recomeçar o mesmo jogo. Isso
poderia ocasionar uma sabotagem de toda a nossa atividade nos comícios
futuros. E semelhante desastre só poderia ser reparado depois de muitos meses
e após grandes lutas.
Só
dispúnhamos de um dia para pregar cartazes. Infelizmente chovia de manhã
e tínhamos o justo receio de que muitos prefeririam ficar em casa a irem a uma
reunião debaixo de chuva ou de neve, expondo-se, talvez, até a serem assassinados. A
verdade é que, na manhã de quinta-feira, apoderou-se de mim o pavor de que
não conseguiria encher a casa. Imediatamente ditei e mandei imprimir alguns boletins
para serem distribuídos à tarde. Se meu receio se realizasse eu passaria uma
grande vergonha, diante da associação trabalhista, os folhetos naturalmente encerravam
o convite para a reunião. Dois
caminhões, que eu mandei fretar, foram cobertos com o maior número possível
de panos vermelhos, arvorando algumas bandeiras nossas. Quinze a vinte adeptos
do nosso partido partiram nos mesmos, com a ordem expressa de passar por
todas as ruas da cidade jogando boletins, enfim, fazendo propaganda para a colossal
manifestação da noite, Era a primeira vez que caminhões embandeirados passavam
pela cidade sem serem guiados por marxistas. Eis porque a burguesia via,
boquiaberta, a passagem dos carros enfeitados de vermelho e de bandeiras nazistas
que voavam ao vento, enquanto, nos bairros afastados do centro da cidade, levantavam-se,
também, inúmeros punhos cerrados que exprimiam uma fúria visível contra
a última "provocação ao proletariado", Até então só o marxismo
possuía o monopólio
de organizar reuniões e de andar para cima e para baixo em caminhões.
As
7 horas da noite, o circo ainda não estava repleto. De dez em dez minutos,
chamavam-me ao telefone. Sentia-me bastante inquieto, pois às sete horas ou
às sete e um quarto, as outras salas já estavam quase completamente cheias. A razão,
aliás, não tardou a ser descoberta: eu não tinha contado com as dimensões gigantescas
do novo local. Mil pessoas na sala do Hotbräuhaus já faziam um bonito efeito,
enquanto passavam inteiramente despercebidas no circo Krone. Quase não se
via ninguém. Pouco depois começaram a vir comunicações mais favoráveis e, às oito
horas menos um quarto, diziam-me que três quartos do circo já estavam ocupados,
havendo grande multidão diante dos guichês da entrada. Com essa noticia
eu me pus a caminho. Cheguei
ao circo às oito horas e dois minutos. Via-se, ainda uma grande multidão
diante do mesmo; alguns pareciam meros curiosos, outros, adversários, que
esperavam fora o desenrolar dos acontecimentos. Quando
penetrei na formidável área deixei-me empolgar pela mesma alegria que
havia experimentado no ano precedente, quando da primeira reunião na sala de festas
da Bräuhaus, de Munique, Mas somente depois de eu ter, a muito custo, conseguido
passar através de verdadeiras muralhas humanas, até chegar ao estrado
um pouco elevado, e que o sucesso, em toda a sua plenitude, se manifestou aos
meus olhos. Esse local se estendia diante de mim como uma concha enorme, repleta
de milhares e milhares de pessoas.
Até
o picadeiro estava repleto. Na entrada, tinham sido distribuídos cinco mil e
seiscentos cartões; sem se contar o número total dos sem trabalho, dos estudantes
pobres e dos nossos homens do "serviço de ordem", deviam ser ao todo seis
mil e quinhentas pessoas. "Marchamos
para um futuro de prosperidade ou para a derrocada?" Era esse o
tema da minha conferência e meu coração exultava na convicção de que o futuro estava
ali diante dos meus olhos. Comecei a falar e falei cerca de duas horas e meia.
Depois da primeira meia hora, já eu pressentia que a reunião teria um grande sucesso.
Estava estabelecida a ligação com todos esses milhares de indivíduos. Já no
fim da primeira hora, comecei a ser interrompido por aplausos que explodiam cada
vez mais, espontaneamente, para decrescer novamente, depois de duas horas,
passando a um silêncio solene que eu devia, mais de uma vez, mais tarde, constatar
nesse lugar, e de que cada um de nós guarda uma lembrança imperecível. Quase
que não se ouvia outra coisa senão a respiração dessa multidão colossal e, só
depois que proferi a última palavra, é que se levantou, subitamente, um bramido que
somente cessou com o cântico patriótico "Alemanha", entoado com o
máximo ardor.
Eu observava como, aos poucos, a enorme área começava a se esvaziar e uma
monstruosa onda de gente procurava a saída pela grande porta do centro. Isso durou
quase vinte minutos. Só então, possuído do mais vivo contentamento, deixei o meu
lugar, a fim de voltar para casa.
Tiraram-se
fotografias dessa primeira reunião no circo Krone, de Munique. Melhor
do que palavras, servirão elas para provar a importância da manifestação. Jornais
burgueses trouxeram ilustrações e notícias mencionando, porém, unicamente,
o caráter "nacional" da manifestação, silenciando, porém, como sempre,
sobre o nome dos organizadores. Com
essa demonstração, saímos, pela primeira vez, do quadro dos partidos existentes.
Não podíamos mais passar despercebidos. Para impedir a todo o preço a impressão
de que esse sucesso pudesse ser visto como efêmero, marquei, imediatamente,
para a semana vindoura, a segunda manifestação no circo, e o sucesso
foi idêntico.
Novamente,
o imenso espaço se achava à cunha, a tal ponto que decidi organizar,
pela terceira vez, outra reunião do mesmo gênero, na semana seguinte e, pela
terceira vez, o circo gigantesco ficou apinhado de gente. Após
esse confortador início do ano de 1921, desenvolvi ainda mais nossa atividade
na organização de comícios, em Munique. Chegamos a realizar não um, mas,
às vezes, dois comícios por semana. No meio do verão e no fim do outono, realizávamos
até três por semana. Nós nos reuníamos sempre no circo e, para nossa
grande satisfação, constatávamos todas as noites o mesmo brilhante sucesso de
sempre.
O
resultado foi então um acréscimo ininterrupto do número de adeptos do movimento. Era
natural que esses sucessos inquietassem os nossos adversários. Uma vez
que estes, sempre vacilantes na sua tática, ora aconselhavam o terror, ora um silêncio
absoluto, tornavam-se incapazes de impedir o progresso do nosso movimento
de um modo ou de outro, como eles próprios eram obrigados a reconhecer.
Foi assim que, em um esforço supremo, resolveram-se a um ato terrorista,
a fim de sufocar, definitivamente, a nossa atividade nos comícios. Como pretexto
a tal atitude aproveitaram-se de um atentado extremamente misterioso contra
um deputado da Dieta, por nome Erhard Auer. Constava que, certa noite, ele tinha
recebido um tiro, sem se saber de quem. A verdade é que ele não foi atingido. Houve,
porém, ao que se dizia, a intenção. Tudo não passou de boatos. A fantástica presença
de espírito, assim como a coragem proverbial do chefe do partido
socialdemocrata, teria
não só anulado o ataque criminoso como, também, induzido a fugir, vergonhosamente,
os miseráveis autores. Tinham fugido tão depressa e para tão longe,
que, mesmo mais tarde, a polícia não pôde mais descobrir o menor rastro deles.
Esse processo misterioso serviu ao órgão do partido social democrata de Munique
como instrumento de intriga contra o nosso movimento. Medidas tinham sido
tomadas para evitar os nossos impressionantes progressos. Nesse programa, estava
prevista uma oportuna intervenção de parte do proletariado, por meio da violência.
E
o dia da intervenção não se fez esperar. Foi
escolhido um comício, na sala de festas do Hotbräuhaus, de Munique, na qual
eu mesmo devia falar, para se decidir, definitivamente, a questão. No
dia 4 de novembro de 1921, recebi, entre 6 e 7 horas da noite, as primeiras
notícias positivas sobre o próximo ataque ao comício e soube que se tinha a
intenção de mandar para o local grandes grupos de operários recrutados para esse
fim, especialmente em alguns meios rubros. A
um feliz acaso devemos o não termos recebido antes disso esse aviso. Nesse
dia mesmo, tínhamos deixado nosso velho e respeitável escritório da Sterneckergasse,
em Munique, mudando- nos para um novo, isto é, tínhamos saídodo
velho, mas não podíamos ainda entrar no novo, pois esse estava em obras. Como
o telefone da antiga sede tinha sido retirado e ainda não estava colocado na segunda,
foram inúteis os esforços de numerosas comunicações telefônicas, avisando-
nos sobre o ataque planejado.
A
conseqüência disso tudo foi ficar o serviço de defesa do comício reduzido a algumas
patrulhas muito fracas. Achava-se presente só uma companhia numericamente
fraca, de, mais ou menos, quarenta e seis pessoas. O serviço de patrulhamento
ainda não estava bastante organizado para que se pudesse mandar vir,
à noite, dentro de uma hora, um reforço suficiente. Acrescia ainda que boatos alarmantes
desse gênero, já nos tinham chegado aos ouvidos inúmeras vezes, sem que
nada de extraordinário tivesse acontecido. O velho ditado, segundo o qual, revoluções
preditas, geralmente não arrebentam, até então tinha sido confirmado pelos
fatos.
Eis
por que não se tomaram todas as precauções necessárias para enfrentar um
possível ataque, pela maneira mais violenta. Considerávamos a sala de festas do
Hofbräuhaus, de Munique, como totalmente imprópria para ser atacada. Tínhamos
receado isso muito mais nas grandes salas, sobretudo no circo. A esse respeito,
esse dia nos trouxe uma preciosa lição. Mais tarde estudamos todas essas questões,
posso dizer, com método científico, chegando a resultados tão surpreendentes
quanto interessantes e que se tornaram, nos tempos que se seguiram,
de uma importância fundamental para a direção organizadora e a tática de nossos
pelotões de assalto. Quando, às 8 menos um quarto, penetrei na entrada do Hofbräuhaus,
não podia, com efeito, subsistir a menor dúvida sobre tal intenção. A sala
estava repleta e, por isso, interdita pela polícia.
Os
adversários, que tinham chegado muito cedo, achavam-se na sala e a maior
parte dos nossos adeptos encontravam-se fora do recinto. A pequena "tropa de
assalto" me esperava na entrada. Mandei fechar as portas da grande sala,
dei ordens
para que entrassem os quarenta e tantos homens. Expus aos rapazes que havia
chegado a hora de provarem, pela primeira vez, a sua fidelidade inquebrantável
ao movimento. Nenhum de nós tinha o direito de deixar a sala senão depois
de morto. Eu ficaria, pessoalmente, na sala e não supunha que um só deles ousasse
me abandonar. Se, porém, chegasse a avistar algum que se mostrasse, pessoalmente,
covarde, arrancar-lhe-ia o braçal e a insígnia. Depois disso, incitei-os a
irem para frente, logo que notassem qualquer tentativa de assalto, sem esquecerem
que o melhor meio de defesa é o ataque.
A
resposta foi um "viva", repetido três vezes, e que, nessa ocasião,
soou mais
alto do que de costume. Depois disso, entrei na sala, podendo, então, com os meus
próprios olhos, colher uma vista panorâmica da situação. Os inimigos ali estavam,
em massas compactas, procurando furar-me com os olhares. Inúmeras caras
se voltavam para mim, mal contendo seu ódio, enquanto outras, com caretas sarcásticas,
faziam exclamações insofismáveis. "Hoje eles acabariam conosco", "nós
devíamos defender nossas tripas", "nossas bocas seriam
definitivamente arrolhadas",
enfim uma série de belas locuções desse jaez. Estavam conscientes de sua
superioridade e manifestavam-se de acordo com a atmosfera do momento. e festas
do Hofbräuhaus eu tomava lugar sempre em um dos lados, em uma mesa de cerveja.
Assim ficava, realmente, no meio do público. Talvez essa circunstância contribuísse
para criar, nessa sala, um ambiente como nunca encontrei em nenhum.
Na
minha frente, sobretudo mais para a esquerda, só havia adversários, sentados
e de pé. Eram todos homens e rapazes robustos, em grande parte trabalhadores
da fábrica Maffei, de Kusterman, Isasrizäher, etc. Ao longo da parede esquerda
da sala, já tinham empurrado as mesas até bem perto da minha e começavam
a recolher os quartilhos. Encomendavam sempre mais cerveja, colocando
os recipientes vazios debaixo da mesa. Assim se formavam verdadeiras baterias.
Teria sido um milagre se as coisas, dessa vez, acabassem em pai. Depois de
hora e meia, mais ou menos, - período durante o qual consegui falar, apesar de todos
os apartes - parecia que eu chegaria a dominar a situação. O mesmo receio parecia
terem os chefes do pelotão de ataque. Sua inquietação aumentava. De vez em
quando saiam e entravam novamente, falando, visivelmente nervosos, com o seu
pessoal.
Um
pequeno erro psicológico que cometi, respondendo à um aparte e de cuja
inoportunidade tive imediatamente consciência, mal acabava de proferir a palavra,
foi o sinal para o começo do conflito. Depois
de alguns apartes enfurecidos, um homem saltou em cima de uma cadeira,
berrando para o público: "Liberdade!" Os "pioneiros" da
liberdade só esperavam
esse sinal para entrar na luta. Em
poucos segundos a sala inteira se achava repleta de uma multidão que berrava
e gritava e, por cima da qual, como obuses, voavam inúmeros copos; ouviam-se
o rachar de pernas de cadeiras, o quebrar de quartilhos, gritos e berros de
toda espécie.
Era
um espetáculo simplesmente ridículo. Fiquei parado no meu lugar, podendo
observar com que consciência meus rapazes cumpriam o seu dever, Eu desejava
ver como se portariam os burgueses em uma tal situação. A
"dança" ainda não tinha começado e já minha patrulha de assalto -
nome que
se guardou desde esse dia - iniciava seu ataque. Como lobos, precipitavam-se, em
matilhas de oito ou dez, sobre os seus adversários, conseguindo, aos poucos, porem-nos
fora da sala. Ao cabo de cinco minutos, quase todos eles estavam sujos de
sangue. Quantos eu conheci somente a partir daquele momento! A frente de todos
estavam o bravo Maurice. meu atual secretário particular, Hesse e muitos outros
que, apesar de gravemente feridos, voltavam sempre ao ataque, enquanto se podiam
manter de pé. O barulho infernal durou vinte minutos, no fim dos quais, os adversários,
que podiam ser setecentos ou oitocentos, já tinham sido expulsos da sala
e jogados de escada abaixo, pelos meus homens, que não eram mais de cinqüenta.
Só
no lado esquerdo do fundo da sala ainda permanecia um grande grupo, que
opunha a mais encarniçada resistência. Subitamente, da entrada da sala, deram dois
tiros de pistola sobre o estrado. seguidos de um tiroteio desenfreado. Exultávamos
diante de uma tal ressurreição de antiga cena guerreira. Não
havia mais meio de distinguir quem atirava. Só uma coisa se podia verificar,
é que a fúria dos meus rapazes, cobertos de sangue, tinha aumentado e que,
afinal, os últimos desordeiros, vencidos, eram jogados fora da sala. Tinham
decorrido, mais ou menos, vinte e cinco minutos. O aspecto da sala era
como se uma granada aí tivesse estourado. Muitos
dos meus adeptos estavam sendo submetidos a curativos, outros tinham
que ser transportados, mas nós tínhamos ficado senhores da situação. Hermann
Esser, que, nessa noite, havia assumido a chefia da sessão, declarou:
A sessão continua. Tem a palavra o orador. E eu recomecei a falar. Depois
que, nós mesmos, já tínhamos encerrado a sessão, entrou de o tenente de polícia gritando, com movimentos descontrolados: "A reunião
está suspensa!" Involuntariamente,
tive que rir desse retardatário. Nos policiais, essa mania de
importância é típica. Quanto menores eles são, mais querem aparentar autoridade.
Nessa
noite, tínhamos realmente aprendido muito e nossos adversários, também,
não esqueceram a lição recebida. Até o outono de 1923, o "Münchener Post"
não nos amedrontou mais com as ameaças de violência por parte do proletariado."
Mais iformações:
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005143