Por: Matheus Trunk
Não
era fácil conseguir uma revista erótica no Brasil algumas décadas atrás.
Catecismos, revistinhas de bolso e de barbeiro eram vendidos de maneira quase
clandestina. Mesmo assim, diversas publicações surgiram e muitas não passaram
dos primeiros números. As chamadas “revistas proibidas” eram acusadas de
alienantes pela esquerda e de veículo de formação comunista pela direita. Tanto
que várias tiveram problemas com a Censura e com as ligas católicas.
Reuni
aqui algumas publicações nacionais que tiveram vida curta no mercado editorial.
Mas que também tiveram seus anos dourados.
CLUB
DOS HOMENS
Na
segunda metade dos anos 80, este foi um dos títulos mais famosos do softcore.
Editada com cuidado, seu diferencial eram as entrevistas com personalidades
como Luiz Fernando Veríssimo, Raul Cortez e até a dupla sertaneja Tonico &
Tinoco. Um dos repórteres que mais atuaram na Club foi o jornalista Marcos
Faerman (1943-1999).
FAIRPLAY
Mistura
de Esquire com Playboy, Fairplay foi uma das primeiras tentativas de se
estabelecer uma revista masculina séria no Brasil. Lançada em 1966, diversas
atrizes consagradas posaram para a revista, como Esmeralda de Barros, Irma
Alvarez e Odete Lara. Orígenes Lessa e Ruy Castro foram colaboradores da
publicação [a modelo e manequim preferida da Coco Chanel, Vera Valdez.
FIESTA
Espécie
de “Playboy dos pobres”, Fiesta compilava ensaios de atrizes iniciantes e musas
secundárias. Com o êxito de vendas, a publicação teve vida longa e cobriu a
abertura sexual na década de 80. Durante o período de maior prestígio, Fiesta
teve colaboradores especiais como Amaury Júnior e Décio Piccinini (aquele mesmo
que foi jurado do Topa Tudo por Dinheiro, do SBT).
HOMEM
Um
dos títulos mais populares dos anos 70 e 80, Homem trazia uma fórmula que foi
adotada por outras publicações. A receita era simples: ensaios com modelos
conhecidas, entrevistas com personalidades, noticiário sobre pornochanchadas e
fofocas sobre as musas do momento. As propagandas sobre a revista eram muito
bizarras:
LUI
BRASIL
Título
sofisticado na Europa, Lui chegou ao Brasil pela editora Três. Com diversos
nomes de peso, a revista acabou não decolando. O diretor de redação era o
escritor Ignácio de Loyola Brandão.
MASTER
SEX
Revistinha
que compilava fotonovelas eróticas, contos, quadros eróticos, fotos de modelos
gringas e resenhas de boates. Curiosa publicação da editora Ki-Banca (?), durou
pouquíssimos números. As vendas eram feitas por reembolso postal, como indica o
anúncio: “Não mande dinheiro agora, pague na agência do correio quando receber
o aviso de chegada”.
NEW
GIRL
“Vocês
vão vibrar com os nus desta edição”, diz o cartão publicitário da revista. Sem muitas matérias, as edições se
concentravam em inúmeras fotos de lindas modelos. Segundo um dos editoriais, a
New Girl tentava promover “um estudo químico da mulher”.
PLAYMEN
Tentativa
frustrada da editora Sublime de trazer para o Brasil a revista italiana
Playmen. A pretensão era ter uma publicação masculina para um público
sofisticado. Entrevistas com políticos, colunas sobre cultura, dicas sobre
sexo, ensaios sensuais de atrizes. Tudo foi testado. Mesmo assim, as vendas
foram baixas e a publicação com roupagem séria não passou dos números iniciais.
PENTHOUSE
Em
1982, o empresário Faruk El-Khabit, dono da editora Grafipar, realizou um
sonho: conseguiu editar a versão nacional da Penthouse. Os ensaios eram
criativos e o diretor de redação Sílvio Lancelotti conseguiu trazer nomes
expressivos do jornalismo tupiniquim. As entrevistas eram feitas pelo chargista
Jaguar. Mas a Penthouse brasileira não teve vendas expressivas e durou apenas
dez edições.
PRIVÉ
Catecismo
que se tornou conhecida por seus especiais de massagistas, carnaval, “os mais
perfeitos bumbuns do planeta Terra” e até atletas olímpicas (“o recorde mundial
de mulheres: 100 páginas livres de censura”, dizia a publicidade). Além dos ensaios,
as edições tinham dicas sexuais, quadrinhos, passatempos eróticos e colunas
sobre cinema.
STARS
SEXY
Nos
anos de chumbo, Farah Abdalla era dono de uma distribuidora especializada na
venda clandestina de revistas de sexo. Investidor inveterado, ele produziu
alguns filmes da Boca do Lixo. Em 1978, o empresário tentou bancar sua própria
revista que recebeu o nome de Stars Sexy. A publicação durou um único número.
Abdalla faleceu há alguns anos. Mas sua família continua dona de uma banca no
centro de São Paulo.
Continuando
nosso resgate de algumas das revistas de sacanagem de antigamente: nos anos 80,
a abertura sexual trouxe um boom para as publicações de sacanagem. O público
não queria ver somente fotos de lindas mulheres, queriam ver bem mais coisas.
Por isso, a maioria dos nossos catecismos abandonaram o softcore para ingressar
no hardcore.
CINEMA
EM CLOSE UP
Espécie
de veículo oficial da Boca do Lixo, esta revista publicava entrevistas e
matérias sobre a pornochanchada paulista. Os fãs aguardavam os posters e
ensaios com as atrizes. Editada por Minami Keizi (1945-2009), introdutor do
mangá no Brasil, Cinema durou exatos dezoito números.
CLOSE
Interessante
publicação que mesclava erotismo com humor. As entrevistas eram com
personalidades como o sambista Cartola, o cantor Juca Chaves e a atriz Wilza
Carla. Ela chegou a declarar: “Tive dez homens num único dia”. Close se definia
como a “a revista da grande abertura”, como pode ser visto nessa propaganda:
CLUB
Título
que apostava em ensaios estrangeiros e matérias ousadas sobre comportamento
sexual. Durante algum tempo, Club chegou a ter um público cativo. Depois,
acabou mudando de nome e não teve uma vendagem expressiva.
FÓRUM
ÍNTIMO
Revista
cujo conteúdo se baseava nas experiências sexuais de seus leitores. Como seu
público era muito específico, Fórum nunca decolou. Mesmo assim, a publicação
teve seus anos dourados.
HOMEM
MACHO
Título
especial da Homem que circulou nas bancas durante um período expressivo. A
publicação trazia ensaios de modelos internacionais, contos eróticos e
novidades sobre as estrelas do cinema pornô. Um dos números trazia uma
interessante pergunta para as musas dessas produções:
INTERNACIONAL
Pioneira
publicação do hardcore brasileiro, Internacional marcou época. Baseada na
Hustler norte-americana, seu conteúdo não se restringia aos ensaios eróticos.
Pela primeira vez, assuntos como bissexualidade, hermafrodismo,
homossexualidade e sadomasoquismo eram discutidos. Sua tiragem chegou aos 150
mil exemplares. Alguns anos depois, a revista passou a se chamar Big Man
Internacional.
MARIA
ERÓTICA
Gibi
erótico de bastante sucesso comercial, continha histórias picantes da
personagem título. A revistinha foi lançada inicialmente pela Edrel e depois
passou a ser editada pela Grafipar.
MINI
FIESTA
Versão
mais barata da Fiesta, esta revistinha tinha público certo durante o período da
abertura sexual. As edições traziam fotos de garotas gringas e poucas matérias.
PETECA
Pode
parecer piada. Mas uma geração inteira de brasileiros foram formados por esta
revistinha. Espécie de consultório sexual, Peteca trazia garotas seminuas,
notícias e humor. Primeira publicação masculina nacional editada fora do eixo
Rio-São Paulo, este título era feito pela Grafipar, editora curitibana. O
slogan da publicação (“Peteca. Segure. Não deixe cair”) e as hilárias seções
(Sexyhoróscopo e Sexyterapia) caíram no gosto popular.
SEMANÁRIO
Esta
revista não era de conteúdo exclusivamente erótico. Mas trazia ensaios com
modelos nuas. Na realidade, Semanário pode ser encarada como uma mistura do
Notícias Populares com a revista Amiga. Esta publicação trazia notícias,
entrevistas e fofocas sobre as celebridades. Famosas como Enoli Lara, Gretchen,
Lilian Ramos, Luciana Sargentelli e Raquel (tida como a “a maior rival da
Roberta Close”) pousaram para Semanário.
Depois
das revistas proibidas, você conhece as
fotonovelas eróticas? Hoje, pode parecer piada, mas durante muito tempo esses
catecismos povoaram a imaginação de diversos brasileiros. Quem comprava estes
títulos não tinha desculpa. O apreciador dessas revistas queria ver uma boa
sacanagem. Reuni algumas publicações marginais e obscuras que eram compradas de
forma quase clandestina.
Publicação
quase caseira que trazia historinhas sobre lesbianismo, sadomasoquismo e
principalmente sexo anal. As modelos que saiam na revista eram de todos os
lugares. Menos da Suécia.
Casais
devassos, ménages, mulheres loucas de desejo e orgias espetaculares. Essas eram
algumas das historinhas que saíam publicadas em Show Erótico Especial. Este
catecismo era destinado a um público seleto e teve vida curta nas bancas.
Na
capa, as promessas são diversas (“Kátia, a coreana topatudo!”, “Explícita
total, sexo anal e oral em posições inéditas”). Mas o conteúdo se resumia a
fotonovelas sem grande criatividade.
Publicação
barata destinada a leitores de pouco poder aquisitivo. A aposta dos editores
eram em histórias de “relações reais mostrando tudo”.
Revistinha
que misturava contos eróticos com fotonovelas apimentadas. A curiosa publicação
trazia historinhas sobre homossexualismo masculino, swing e travetismo.
Conhecido
título que apostava na orientação sexual de seus leitores. Foi editada durante
vários anos e explorava histórias de teor softcore.
Título
que apostava em taras bizarras. A revista se auto denominava “o tesão além dos
grandes lábios”.
Fotonovela
das mais conhecidas, Cine Sex Book tinha um fã-clube próprio. Dessa maneira,
chegou a ter vendas expressivas. Era conhecida comoa “revista dos desejos
insaciáveis”.
Publicação
da editora Ki-Bancas que apostava no inusitado. Lesbianismo, mulheres obesas,
sexo grupal e zoofilia saiam em quase todas as edições. Para Rudolf não existia
qualquer tipo de restrição.
Uma
das grandes publicações deste segmento. Eros tinha como diferencial não resumir
seu conteúdo aos ensaios e investia nos relatos dos leitores. Os inusitados
testes também chamavam atenção:
Fontes:
http://www.vice.com/pt_br/read/as-revistas-proibidas-parte-3/18883
http://www.vice.com/pt_br/read/revistas-proibidas?Contentpage=1
http://www.vice.com/pt_br/read/revistas-proibidas-parte-2