terça-feira, 24 de junho de 2014

As Revistas Proibidas


Por: Matheus Trunk



Não era fácil conseguir uma revista erótica no Brasil algumas décadas atrás. Catecismos, revistinhas de bolso e de barbeiro eram vendidos de maneira quase clandestina. Mesmo assim, diversas publicações surgiram e muitas não passaram dos primeiros números. As chamadas “revistas proibidas” eram acusadas de alienantes pela esquerda e de veículo de formação comunista pela direita. Tanto que várias tiveram problemas com a Censura e com as ligas católicas.

Reuni aqui algumas publicações nacionais que tiveram vida curta no mercado editorial. Mas que também tiveram seus anos dourados.




CLUB DOS HOMENS


Na segunda metade dos anos 80, este foi um dos títulos mais famosos do softcore. Editada com cuidado, seu diferencial eram as entrevistas com personalidades como Luiz Fernando Veríssimo, Raul Cortez e até a dupla sertaneja Tonico & Tinoco. Um dos repórteres que mais atuaram na Club foi o jornalista Marcos Faerman (1943-1999).



FAIRPLAY


Mistura de Esquire com Playboy, Fairplay foi uma das primeiras tentativas de se estabelecer uma revista masculina séria no Brasil. Lançada em 1966, diversas atrizes consagradas posaram para a revista, como Esmeralda de Barros, Irma Alvarez e Odete Lara. Orígenes Lessa e Ruy Castro foram colaboradores da publicação [a modelo e manequim preferida da Coco Chanel, Vera Valdez.



FIESTA


Espécie de “Playboy dos pobres”, Fiesta compilava ensaios de atrizes iniciantes e musas secundárias. Com o êxito de vendas, a publicação teve vida longa e cobriu a abertura sexual na década de 80. Durante o período de maior prestígio, Fiesta teve colaboradores especiais como Amaury Júnior e Décio Piccinini (aquele mesmo que foi jurado do Topa Tudo por Dinheiro, do SBT).



HOMEM


Um dos títulos mais populares dos anos 70 e 80, Homem trazia uma fórmula que foi adotada por outras publicações. A receita era simples: ensaios com modelos conhecidas, entrevistas com personalidades, noticiário sobre pornochanchadas e fofocas sobre as musas do momento. As propagandas sobre a revista eram muito bizarras:





LUI BRASIL


Título sofisticado na Europa, Lui chegou ao Brasil pela editora Três. Com diversos nomes de peso, a revista acabou não decolando. O diretor de redação era o escritor Ignácio de Loyola Brandão.



MASTER SEX


Revistinha que compilava fotonovelas eróticas, contos, quadros eróticos, fotos de modelos gringas e resenhas de boates. Curiosa publicação da editora Ki-Banca (?), durou pouquíssimos números. As vendas eram feitas por reembolso postal, como indica o anúncio: “Não mande dinheiro agora, pague na agência do correio quando receber o aviso de chegada”.



NEW GIRL


“Vocês vão vibrar com os nus desta edição”, diz o cartão publicitário da revista.  Sem muitas matérias, as edições se concentravam em inúmeras fotos de lindas modelos. Segundo um dos editoriais, a New Girl tentava promover “um estudo químico da mulher”.



PLAYMEN


Tentativa frustrada da editora Sublime de trazer para o Brasil a revista italiana Playmen. A pretensão era ter uma publicação masculina para um público sofisticado. Entrevistas com políticos, colunas sobre cultura, dicas sobre sexo, ensaios sensuais de atrizes. Tudo foi testado. Mesmo assim, as vendas foram baixas e a publicação com roupagem séria não passou dos números iniciais.



PENTHOUSE


Em 1982, o empresário Faruk El-Khabit, dono da editora Grafipar, realizou um sonho: conseguiu editar a versão nacional da Penthouse. Os ensaios eram criativos e o diretor de redação Sílvio Lancelotti conseguiu trazer nomes expressivos do jornalismo tupiniquim. As entrevistas eram feitas pelo chargista Jaguar. Mas a Penthouse brasileira não teve vendas expressivas e durou apenas dez edições.



PRIVÉ


Catecismo que se tornou conhecida por seus especiais de massagistas, carnaval, “os mais perfeitos bumbuns do planeta Terra” e até atletas olímpicas (“o recorde mundial de mulheres: 100 páginas livres de censura”, dizia a publicidade). Além dos ensaios, as edições tinham dicas sexuais, quadrinhos, passatempos eróticos e colunas sobre cinema.



STARS SEXY


Nos anos de chumbo, Farah Abdalla era dono de uma distribuidora especializada na venda clandestina de revistas de sexo. Investidor inveterado, ele produziu alguns filmes da Boca do Lixo. Em 1978, o empresário tentou bancar sua própria revista que recebeu o nome de Stars Sexy. A publicação durou um único número. Abdalla faleceu há alguns anos. Mas sua família continua dona de uma banca no centro de São Paulo.


Continuando nosso resgate de algumas das revistas de sacanagem de antigamente: nos anos 80, a abertura sexual trouxe um boom para as publicações de sacanagem. O público não queria ver somente fotos de lindas mulheres, queriam ver bem mais coisas. Por isso, a maioria dos nossos catecismos abandonaram o softcore para ingressar no hardcore.



CINEMA EM CLOSE UP


Espécie de veículo oficial da Boca do Lixo, esta revista publicava entrevistas e matérias sobre a pornochanchada paulista. Os fãs aguardavam os posters e ensaios com as atrizes. Editada por Minami Keizi (1945-2009), introdutor do mangá no Brasil, Cinema durou exatos dezoito números.





CLOSE


Interessante publicação que mesclava erotismo com humor. As entrevistas eram com personalidades como o sambista Cartola, o cantor Juca Chaves e a atriz Wilza Carla. Ela chegou a declarar: “Tive dez homens num único dia”. Close se definia como a “a revista da grande abertura”, como pode ser visto nessa propaganda:




CLUB


Título que apostava em ensaios estrangeiros e matérias ousadas sobre comportamento sexual. Durante algum tempo, Club chegou a ter um público cativo. Depois, acabou mudando de nome e não teve uma vendagem expressiva.



FÓRUM ÍNTIMO


Revista cujo conteúdo se baseava nas experiências sexuais de seus leitores. Como seu público era muito específico, Fórum nunca decolou. Mesmo assim, a publicação teve seus anos dourados.



HOMEM MACHO


Título especial da Homem que circulou nas bancas durante um período expressivo. A publicação trazia ensaios de modelos internacionais, contos eróticos e novidades sobre as estrelas do cinema pornô. Um dos números trazia uma interessante pergunta para as musas dessas produções:




INTERNACIONAL


Pioneira publicação do hardcore brasileiro, Internacional marcou época. Baseada na Hustler norte-americana, seu conteúdo não se restringia aos ensaios eróticos. Pela primeira vez, assuntos como bissexualidade, hermafrodismo, homossexualidade e sadomasoquismo eram discutidos. Sua tiragem chegou aos 150 mil exemplares. Alguns anos depois, a revista passou a se chamar Big Man Internacional.





MARIA ERÓTICA


Gibi erótico de bastante sucesso comercial, continha histórias picantes da personagem título. A revistinha foi lançada inicialmente pela Edrel e depois passou a ser editada pela Grafipar.



MINI FIESTA


Versão mais barata da Fiesta, esta revistinha tinha público certo durante o período da abertura sexual. As edições traziam fotos de garotas gringas e poucas matérias.



PETECA


Pode parecer piada. Mas uma geração inteira de brasileiros foram formados por esta revistinha. Espécie de consultório sexual, Peteca trazia garotas seminuas, notícias e humor. Primeira publicação masculina nacional editada fora do eixo Rio-São Paulo, este título era feito pela Grafipar, editora curitibana. O slogan da publicação (“Peteca. Segure. Não deixe cair”) e as hilárias seções (Sexyhoróscopo e Sexyterapia) caíram no gosto popular.



SEMANÁRIO


Esta revista não era de conteúdo exclusivamente erótico. Mas trazia ensaios com modelos nuas. Na realidade, Semanário pode ser encarada como uma mistura do Notícias Populares com a revista Amiga. Esta publicação trazia notícias, entrevistas e fofocas sobre as celebridades. Famosas como Enoli Lara, Gretchen, Lilian Ramos, Luciana Sargentelli e Raquel (tida como a “a maior rival da Roberta Close”) pousaram para Semanário.

Depois das revistas proibidas,  você conhece as fotonovelas eróticas? Hoje, pode parecer piada, mas durante muito tempo esses catecismos povoaram a imaginação de diversos brasileiros. Quem comprava estes títulos não tinha desculpa. O apreciador dessas revistas queria ver uma boa sacanagem. Reuni algumas publicações marginais e obscuras que eram compradas de forma quase clandestina.



Publicação quase caseira que trazia historinhas sobre lesbianismo, sadomasoquismo e principalmente sexo anal. As modelos que saiam na revista eram de todos os lugares. Menos da Suécia.



Casais devassos, ménages, mulheres loucas de desejo e orgias espetaculares. Essas eram algumas das historinhas que saíam publicadas em Show Erótico Especial. Este catecismo era destinado a um público seleto e teve vida curta nas bancas.




Na capa, as promessas são diversas (“Kátia, a coreana topatudo!”, “Explícita total, sexo anal e oral em posições inéditas”). Mas o conteúdo se resumia a fotonovelas sem grande criatividade.




Publicação barata destinada a leitores de pouco poder aquisitivo. A aposta dos editores eram em histórias de “relações reais mostrando tudo”.




Revistinha que misturava contos eróticos com fotonovelas apimentadas. A curiosa publicação trazia historinhas sobre homossexualismo masculino, swing e travetismo.



Conhecido título que apostava na orientação sexual de seus leitores. Foi editada durante vários anos e explorava histórias de teor softcore.




Título que apostava em taras bizarras. A revista se auto denominava “o tesão além dos grandes lábios”.



Fotonovela das mais conhecidas, Cine Sex Book tinha um fã-clube próprio. Dessa maneira, chegou a ter vendas expressivas. Era conhecida comoa “revista dos desejos insaciáveis”.



Publicação da editora Ki-Bancas que apostava no inusitado. Lesbianismo, mulheres obesas, sexo grupal e zoofilia saiam em quase todas as edições. Para Rudolf não existia qualquer tipo de restrição.





Uma das grandes publicações deste segmento. Eros tinha como diferencial não resumir seu conteúdo aos ensaios e investia nos relatos dos leitores. Os inusitados testes também chamavam atenção:













Fontes:
http://www.vice.com/pt_br/read/as-revistas-proibidas-parte-3/18883
http://www.vice.com/pt_br/read/revistas-proibidas?Contentpage=1
http://www.vice.com/pt_br/read/revistas-proibidas-parte-2