O culto católico, como
sobejamente [mais do que necessário] já temos provado, tem por princípio a Política, por meios o embuste
e a astúcia e por fim a obtenção do Poder Temporal Mundial.
O Cristo é o pretexto, a cruz — a
tabuleta comercial, o altar — o balcão e o clero — o funcionalismo desse
colossal empório, que é o Vaticano.
Tudo ali é puro Paganismo; tudo
ali é contrário à doutrina do Cristo, começando pelo próprio templo, condenado
pelo Rabino [Jesus] e confirmado pelos Apóstolos, em Atos, até o mais comezinho [evidente] instrumento do culto. Tudo é cópia das mitologias, do Ocultismo e da magia
negra.
São Clemente, de Alexandria, um
dos mais venerados sábios da Igreja, já havia dito que:
"o
Cristianismo era o Paganismo com seus 'mistérios' e ritos
pagãos, iniciação, epopsia, hierofania, grandes e pequenos mistérios. A ligação
viva entre Paz e Cristo, diz ele, está na razão de mãe para
com o filho; mas a parteira, dona Teologia, fez o trabalho tão mal, que
a mãe morreu e o filho ficou em perigo até hoje".
São Clemente de Alexandria |
São Tertuliano, São Justino e
muitos outros apologistas da religião cristã admitiam que:
"a
religião de Zoroastro já possuía sacramentos, batismo, penitência, eucaristia,
consagração com palavras místicas, que os iniciados marcavam a fronte com um
sinal sagrado (como se faz no Krishna) aceitavam o dogma da ressurreição de Mitra,
que seu pontífice não podia ser casado várias vezes, que tinham virgens e lei
de continência etc."
São Tertuliano |
Diz ele mais que:
"as práticas do primitivo Cristianismo
denotavam semelhança com a doutrina de Zoroastro, que os cristãos do Ocidente
voltavam-se para o Oriente a fim de orarem e que todos os seus templos eram voltados
para o sol nascente. Descansavam ao domingo porque era o dia consagrado ao sol".
Na Grécia, quando se celebrava em
honra ao deus Baco, as mulheres invocavam o Cordeiro. Os católicos
invocam o Cordeiro.
Nessas cerimônias os sacerdotes
carregam o cofre que continha o coração de Baco. Os católicos, na quinta-feira
Santa, carregam o cibório [recipiente usado para guardar hóstias] contendo o corpo de Cristo.
Baco, como Cristo, tivera suas
iniciações. Os iniciados esperavam seu último advento, como os cristãos
esperavam o de Cristo.
Amiano Marcellino, Procópio e São
Cirilo citam que se chorava a morte do deus Adônis, ferido por um javali;
mostrava-se ao povo a larga chaga, como se mostram as chagas de Cristo.
Adônis |
O Adônis dos fenícios, o Adoneus
dos árabes e o Adés dos gregos é o mesmo deus do Sol.
Moisés, firmado no Zoroastrismo,
no Bramanismo, no Budismo e em outras religiões antigas que ele mesmo declara
conhecer, condenou templos, imagens esculpidas e sua conseqüente idolatria.
Jesus, indubitavelmente, confirmou Moisés; mas o Catolicismo, por desaforo,
serve-se da sua própria imagem como supremo símbolo de idolatria, e completa o
panteão com a de sua mãe e uma legião de santos e santas para cada
especialidade milagreira, como fazia o Paganismo Romano, conforme já vimos, que
tinha até o Santo da Estrumeira como o nome de Esterquilino.
Era o Saturno para a semeação, o
Consus para a colheita, o Ceres para o crescimento, o Flora para as flores, o
Pomana para o pomar, o Vervactor para a primeira lavragem, o Redarator para a
segunda, o Messor para a ceifa, o Convector para a colheita, o Tessoma para a
fadiga etc.
Ceres |
Os pagãos davam nomes de deuses
às localidades, como patronos. Entretanto, cidades com o nome do Espírito
Santo, parcela de Deus e de santos e santas da hagiografia católica pululam
pelo mundo inteiro.
As orações dos pagãos são
consideradas como encantações mágicas, tanto mais eficazes quanto maior for o
número de divindades invocadas. E que são as orações do Catolicismo, senão
encantações, tanto ou mais eficientes, quanto maior for o número de santos
invocados, pois, como já tivemos ocasião de citar, eles têm crédito na Corte
Celestial?
Que são as medalhas de santos,
senão os talismãs do Ocultismo? Em que serão aquelas mais eficazes que estes? A
água benta é a água lustral do Ocultismo. Os exorcismos e as encomendações de
mortos são reproduções das mesmas práticas de magia negra, em que o hissopo e o
incensório, petrechos mágicos, rodeiam o corpo com misteriosos círculos de fogo
e água benta, tal como praticavam os Auguros nos mistérios de Elêusis, tudo
acompanhado de fórmulas cabalísticas, ditas hoje em latim. Ambos ofereciam em
nome de Deuses e das potências divinas.
As figas bentas, escapulários,
etc. são outros tantos amuletos da magia negra e do Lamaísmo.
O papa Sixto IV, em 1471, chegou
a inventar carneirinhos de cera, que se enterravam para livrar de malefícios,
bruxarias, incêndios, naufrágios, tempestades etc. tal como se faz nos sertões
da África e mesmo no nosso país, entre gente culta e nos candomblés!
Que é o rosário senão uma
imitação aperfeiçoada do "Moinho de Rezas” do Lamaísmo Tibetano?
Que livro lê o padre na missa? A
Bíblia; que, ato contínuo, ele condena e atira na cara de um protestante.
Quais seus hábitos talares? Os
mesmos usados pelos grandes sacerdotes do Egito, do Tibete etc.
Citemos uma cena do ritual
católico praticada pelo papa, no ato da canonização de um santo:
"O papa sentado em seu trono recebe
das mãos dos cardeais dois pães, um pequeno barril de vinho, três velas de cera,
duas pombinhas e alguns passarinhos presos em uma gaiola feita de fios de
prata. O papa abre a portinhola, tira um pássaro e o solta".
Não se parece isso com uma cena das nossas macumbas?
E a saída do purgatório de uma alma para o céu! Só falta substituir o órgão
pela cuíca.
Se esta cena se produzisse no nosso país, a canoa
policial não demoraria em remover sacerdote e bugigangas para o xadrez; mas o ato passa-se no
templo de Roma.
As procissões, as preces ao santo
especialista, para chover ou deixar de chover, contra as epidemias, para ganhar
uma guerra matando seu semelhante, para arranjar casamentos ou descobrir
objetos perdidos, para ter filhos, para quebrar ciúmes ou quebrantes etc., que
são senão exata reprodução da magia negra? Como os mágicos ou feiticeiros, ele
se diz o depositário dos segredos do céu e do inferno, e, colocando-se entre o
homem e Deus, ele esmaga aquele com o formidável peso do seu Poder.
Toda a administração do Universo,
diz Dupuis, era composta de uma multidão de inteligências, denominadas,
conforme os dialetos, por anjos, deuses, heróis, izeds, gênios etc. Cada qual
tinha uma função particular, seja sobre a chuva, a seca, o calor, o frio, a
lavoura, os rebanhos, as artes etc. Entre os persas era Bad, o nome do anjo que
preside aos ventos; Mordad era o anjo da Morte; Aniran preside as bodas;
Fervadin é o anjo do ar e dos ventos, Kurdat, o anjo da terra e dos frutos.
Os cristãos copiaram essa
hierarquia dos persas e caldaicos. Orígenes refere-se ao anjo da vocação dos
gentios, ao anjo da Graça. Tertuliano fala do anjo da prece, do anjo do
batismo, do anjo do matrimônio, do anjo que preside a formação do feto.
Crisóstomo e Basílio celebram o anjo da paz. Em cada planeta os cristãos
colocaram um anjo para guiá-lo. No Apocalipse as plêiades são chamadas sete
anjos. Seria interminável se fôssemos citar a angelolatria do Catolicismo, genuíno
culto idolatra.
Nunca Jesus ou seus apóstolos
instituíram o mínimo ritual ou o mínimo dogma. Como, pois, uma Igreja, que pretende
ser a arca sagrada da palavra do seu fundador, age de modo tão diametralmente
oposto?
Atualmente o católico não mais
vive da espiritualidade da Igreja, mas sim da materialidade na igreja.
A Igreja Católica é um
estabelecimento ao qual se vai quando se necessita de certos socorros e é por
isso que, aparecendo pela exterioridade e pela imposição orgulhosa, todos se
sentem coagidos e constrangidos com seus decretos, assim disse Karl Adam.
grande apologista católico, professor em Tubingen.
O cristão não sabe se deve
respeitar os dons de amor e de perdão com que Jesus dotou sua doutrina ou se
deve se apavorar ante os anátemas e as fogueiras que o Catolicismo criou.
Pelo interior do país, então,
assiste-se, como nos foi relatado por um ministro plenipotenciário de uma nação
européia, a cenas do seguinte jaez:
"Um sertanejo, premido em frente de uma
igreja para satisfazer certa necessidade fisiológica, após um momento de
indecisão e de reflexão, tirou o chapéu respeitosamente e, encostando-se na
parede do templo, realizou seu mais ardente desejo, tornando a saudar o dono da
casa, compenetrado de que agira diplomaticamente com ele".
Não é ajoelhando-se perante a
imagem do Cristo pregado a uma cruz, nem lhe comendo a carne ou lhe bebendo o
sangue que demonstramos ser cristãos.
Não é submetendo-se cegamente a
um código terrorista forjado pela política romana, então predominante, que o
católico provará ser verdadeiramente cristão.
É discernindo o veneno que existe
na confusão dos termos Religião e Culto — Cristianismo
e Catolicismo.
É cumprindo à risca a doutrina
social de Moisés que o Cristo pregou e pondo em prática a moral e os virtuosos
temas budistas que ele tornou conhecidos. É não matando, não roubando, não
cobiçando a mulher alheia nem os bens de seu semelhante, não caluniando, não
desejando o mal a outrem, é nos amando mutuamente, como parte integrante do
mesmo reino hominal e adorando o Criador em espírito e verdade, como mandou
Jesus, que o Reino de Deus, voltaria,
como nos tempos patriarcais,
podendo-se então espetar no pólo norte a bandeira branca com o seguinte
letreiro: Reino do Céu.
Rituais, cerimoniais, liturgias,
dogmas, sacramentos não passam de mistificações à credulidade pública,
fascinada pelas encenações teatrais e pela lábia dos mesmos fariseus, que o
Rabino não cessava de chicotear com seu divino verbo.
Marcos VIII, 15, diz: "...
guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes", isto, fugi
da lábia do clero e da política papal.
Quando o púlpito de uma igreja se
transforma em tribuna política, nela o orador faz ouvir, não o verbo de Deus,
nem mesmo a palavra de amor de Jesus.
contrário como ele era à política
romana; mas a voz tonitruante de Nemrod. Princípio do Mal, o militarismo
desorganizador da paz mundial. Em vez de chamar do púlpito a humanidade à paz,
ele a incita, pelo contrário, à guerra, benzendo as armas assassinas que terão
de matar outros católicos!
Paganismo, mas, não Cristianismo
é que é o Catolicismo!
A virgem Isis amamentando |
Fonte:
Leterre, A., Jesus e sua doutrina: a distinção entre cristianismo e catolicismo: um estudo que remonta há mais de 8.600 anos/A. Leterre. — São Paulo: Madras, 2004. pag. 386-390.