segunda-feira, 18 de março de 2013

A fantástica Io e a morte geológica dos planetas.

Um estudo sobre o inicio do Sistema Solar e suas implicações no status quo planetário.

Por: Elenilton da Cunha Galvão



Uma das lendas mais difundidas na sociedade em geral é a da existência de vida em Marte, apesar do jipe-robô Curiosity que estuda a superfície do planeta vermelho, ter identificado em sua amostras enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e carbono, que são alguns dos ingredientes químicos essenciais para a formação de vida, e apesar dos cientistas da NASA afirmarem que por este motivo o planeta vermelho "pode" ter abrigado vida um dia, ou no mínimo foi um planeta habitável, é bem difícil que Marte tenha abrigado vida complexa. Mas, como foi afirmado, Marte já foi um planeta HABITÁVEL, então, o que levou nosso vizinho dono do maior vulcão (e ao mesmo tempo montanha) conhecido do sistema solar (O Monte Olimpo) a ser esse deserto gelado que é hoje?



Monte Olimpo: Maior vulcão e montanha conhecida no Sistema Solar.


Marte Terraformado: Vista de como seria o planeta vermelho se o mesmo ainda possuísse água.


As trocas de calor (energia térmica)  entre corpos são processos fisicamente conhecidos, e acontecem quando dois ou mais corpos com temperaturas diferentes são colocados em contato em um mesmo ambiente e, depois de certo tempo, alcançam o equilíbrio térmico.  Bem, a hipótese que é amplamente aceita sobre a formação do sistema solar, é a de que ele se originou à mais ou menos 4, 600 bilhões de anos com o colapso gravitacional  de uma nuvem molecular (nuvens que devido à sua densidade podem formar moléculas e corpos celestes), a hipótese é que a força de atração gravitacional gerada pelo aumento da massa na região central que correspondia à mais ou menos 99% da massa dessa nuvem, teria provocado um aumento da velocidade de rotação. O calor gerado no interior dessa nebulosa foi tal, que desencadeou reações químicas e físicas que a fizeram brilhar (proto sol), enquanto que o resto achatou, devido à força gravitacional, tornando-se um disco protoplanetário, que mais tarde viria a formar os planetasluasasteroides e outros corpos menores do sistema solar. Em seguida, deu-se o o arrefecimento (resfriamento) do disco protoplanetário originando a condensação dos materiais da nébula em GRÃOS sólidos. Em cada uma das zonas do disco  a força da gravidade provocou a aglutinação de poeiras devido aos choques que a rotação em torno do proto sol provocava, formando pequenos corpos  com diâmetro de cerca de 100 metros. Os maiores desses corpos atraíram os menores, com o aumento das colisões e o aumento progressivo das dimensões desses corpos (acreção) conduziu à formação de corpos de maiores dimensões, os protoplanetas e posteriormente, aos planetas.




Com os choques dos fragmentos na formação dos planetas deu-se a geração de calor no interior desses corpos, pois como sabemos, atrito produz calor, há aqui a transformação da energia Cinética (ou de movimento) em energia Térmica. Com a posterior formação dos planetas com esse interior aquecido, os processos geológicos originários desse fato (tectonismo, vulcanismo, terremotos, etc) começaram a configurar a superfície desses corpos. Em um dado momento na vida do sistema solar, principalmente nos planetas rochoso (à saber: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) possuíam vida geológica ativas e simultâneas, porém como devemos levar em consideração as trocas térmicas de corpos no cosmos, temos que os planetas rochosos de menor proporção (logo, aparentemente menor massa), no caso Mercúrio e Marte, sofreram resfriamento mais rápido, tal fato contribuiu para que suas atividades geológicas  cessassem  primeiro, e por tal motivo é bom considerar que este efeito também ocorrerá em nosso planeta. Mas é bom lembrar que tal fato não é o único para que haja atividade geológica nos corpos celestes, e é aqui que entra a beleza do Cosmos, que espanta até mesmo os mais familiarizados...

A Terra possui um planeta que é comumente conhecido como nosso planeta gêmeo, por possuir quase o mesmo tamanho e densidade da nossa pequena bola azul, seu nome é Vênus, este, é detentor da mais densa atmosfera entre todos os planetas rochosos do Sistema Solar, constituído principalmente  de dióxido de carbono e uma pequena quantidade de nitrogênio com grandes e espessas nuvens dióxido de enxofre, transformando-o no planeta com o mais forte efeito estufa do sistema solar (com temperatura miníma de -220 °C e a máxima de 420 °C), e ao que se sabe, desde a missão Mariner 2, constatou-se altíssimas temperaturas na superfície deste corpo celeste e uma pressão de quase 92 vezes à da Terra (a mesma de mais ou menos 1 Km abaixo da superfície do mar !!!), mas o que aconteceu na história do nosso sistema planetário para que Vênus se transformasse nesse inferno em forma de planeta? 





Especula-se que inicialmente Vênus (e Marte também) pode ter tido imensos oceanos como a Terra, a origem dessa água deu-se no choque de corpos que a continham na formação do sistema solar, contudo, devido à um mero capricho do Cosmos. Vênus está um pouco mais perto do sol que a Terra  fazendo com que este perdesse seus vastos oceanos com decorrer dos tempo, bem, sabe-se que a água é uma das responsáveis por regular o efeito estufa, tanto na absorção de gases e elementos atmosféricos responsáveis por esse efeito (como o enxofre por exemplo), devolvendo-os à superfície  através das precipitações (chuva), como também absorve vários comprimentos de onda acima de 700 nm (radiação infravermelha por exemplo). Com as atividades geológicas incessantes (vulcanismo) lançado em sua atmosfera os gases anteriormente citados e a perda gradual da água da superfície, aliado à maior proximidade de nosso sol, Vênus transformou-se no planeta tórrido e de alta pressão que é hoje, tornando-o QUASE incogitável na manutenção de vida exoterrestre.

Desde o lançamento de sondas exploratórias a Vênus, Marte e Mercúrio, constatou-se que não há mais atividades geológicas nesses corpos, em Vênus especula-se que há, mas tais atividades não foram encontradas ainda, apesar desse planeta, assim como a Terra , ainda possuir núcleo aquecido e talvez líquido (Magma), tornando-o totalmente cogitável para que tais eventos ainda ocorram em sua superficíe. Contudo, há no Sistema Solar uma pequena lua nos arredores de Júpiter que assim como a Terra possui intensa atividade vulcânica, aliás, sua atividade vulcânica é maior que a de nosso planeta, seu nome é Io.




Em Io os processos geológicos se dão por outros motivos, principalmente devido a atuação do campo gravitacional do gigante tempestuoso que ela orbita e de suas outras três luas principais (Europa, Ganimedes e Calixto), Io se encontra mais próximo de Júpiter que suas companheiras, e pelo motivo de sua rotação ser de 2:1 (em relação à Europa), 4:1 (à gigante Ganimedes) e 8:1 (à Calixto), há de tempos em tempos o alinhamento dessas quatro luas onde as mesmas exercem forte gravidade sobre Io contrabalanceando a gravidade do gigante joviano e deixando a órbita da pequena Io elíptica e possuidora de intensas atividades geológicas como o vulcanismo, contudo, devido a seu pequeno tamanho, e necessariamente pouca força gravitacional, os gases que são expelidos juntamente com as erupções de seus vulcões são dispersos no espaço, como acredita-se ter acontecido com Marte. Há inclusive na terra paisagens semelhantes às de Io, como o vulcão Erta Ale na Etiópia, que possui um lago de lava ativo, em uma cratera de 100 metros, o mesmo ocorre em Io, mas seus lagos de lava chegam à impressionantes 180 metros (!!!!!!).

Maravilhoso Constatar que nesse assombroso universo, os processos ativos de nossa formação planetária, ainda que análogos, continuam a existir em corpos que o homem nunca imaginou constatar.















Fontes: 


http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A9nus_(planeta)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o_de_Marte

http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_t%C3%A9rmica

http://pt.wikipedia.org/wiki/Calor

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_nebular

http://www.mundoeducacao.com.br/fisica/trocas-calor.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Forma%C3%A7%C3%A3o_e_evolu%C3%A7%C3%A3o_do_Sistema_Solar

http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=9090

http://revistaepoca.globo.com/Ciencia-e-tecnologia/noticia/2013/03/curiosity-da-nasa-encontra-evidencias-de-que-marte-pode-ter-abrigado-vida.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Io_(sat%C3%A9lite)