Por Claudia Borges
Em algum momento de 260 a 300 noites de
um ano qualquer, os céus sobre o rio Catatumbo, na Venezuela, são iluminados
por tempestades de relâmpagos. E não é apenas qualquer tipo de raio. Em média,
cada tempestade noturna dura cerca de 10 longas horas e os céus são rasgados
por milhares de raios a cada noite.
O fenômeno foi registrado desde o século
16, sendo uma combinação única de topografia da área misturado com correntes de
ar que causam estas tempestades relampejantes noturnas. São quase todas as
noites do ano iluminadas pelos flashes mais fortes da natureza por séculos.
A quantidade de relâmpagos é tanta, que
os moradores do local precisam tomar medidas para escurecer o interior de suas
casas com cortinas reforçadas no blackout para conseguirem dormir. Em um ano, a
média é de 1,2 milhões de relâmpagos no céu noturno.
Os trovões também acompanham o show
iluminado da natureza, mas as tempestades são geralmente mais altas na
atmosfera. Dessa forma, as pessoas na superfície quase não conseguem ouvi-los.
Menos mal, não é?
Não surpreendentemente, a tempestade de
raios tem uma posição de destaque na região. Agindo como faróis naturais, os
relâmpagos têm sido utilizados como alertas para os marinheiros ao longo da
história náutica do país. O local também foi crucial para batalhas navais que
levaram à independência da Venezuela da Espanha.
Por que acontece?
A causa destas enormes tempestades de
relâmpagos tem sido o assunto de muito debate. A teoria atual é que a
cordilheira, em forma de V, que circunda a área apresenta as condições ideais
para captura de ventos quentes saindo do Caribe. Quando o ar frio desce da
Cordilheira dos Andes, as trovoadas se formam por causa da mudança de
temperatura.
Unindo essas condições às enormes
quantidades de metano que vazam no ar a partir dos campos de petróleo abaixo do
Lago de Maracaibo (onde o rio Catatumbo termina), juntamente com matéria
vegetal em decomposição e os gases liberados por ela, os pesquisadores
acreditam que esse acúmulo muda a condutividade normal do ar e torna o local
perfeito para uma tempestade de relâmpago prolongada.
Embora não seja uma teoria confirmada, é
uma probabilidade que é suportada pelo desaparecimento de uma tempestade quando
houve grandes mudanças em algumas partes do meio ambiente.
Em 1906, os raios desapareceram por três
semanas após um grande terremoto e tsunami resultante dele. Em 2010, uma seca
causada pelo El Niño também levou à suspensão temporária das tempestades
elétricas. Na época, os moradores também notaram uma trégua na força das
tempestades e acreditavam que era por causa do desmatamento que estava
acontecendo na área e poluição do rio com o escoamento agrícola.
No entanto, as tempestades fortes
voltaram depois de vários meses, mas ainda é preocupante a evidência de como o
equilíbrio natural está se deslocando para interromper algo que tem sido um
fenômeno bem documentado há séculos.
Fonte:
http://www.megacurioso.com.br/fenomenos-da-natureza/43322-conheca-o-local-onde-os-relampagos-nunca-param-na-venezuela.htm